Porto e a meta-narrativa da gentrificaçao
nao é "uma cidade que quer continuar a viver nessa cidade". eu acho que ha muita gente que achou melhor viver em paranhos, na constituiçao, em campanha, maia, lisboa, londres, paris... por isso, nao vale a pena embelezar, arredondar e simplificar o que de é facto uma manisfestaçao multifacetada de muitos outros aspectos. se o porto tivesse tivesse resolvido outros problemas antes, talvez tivesse melhor sorte agora. deixaram a populaçao a viver em casas com soalho por encerar, a cheirar a mofo e pombos entre o tecto e o telhado.
o porto tem sido incapaz de fixar populaçao... nao quer. ha uma lado conservador, corrupto, aristocratico e nepotista que tem impedido o porto de se sofisticar. dos 10 mil novos habitantes anuais que la tentam as suas sortes na universidade, que sao obirgados a ficar 3, 4, 5 anos, o porto digo eu, nao consegue fixar mais de 2% ate a velha idade. o que é muito fraco tendo em conta que era a maior universidade do pais ate ha bem pouco tempo, e é a segunda maior cidade de portugal. é uma prestaçao que se compara com as piores cidades do interior em via de desertificaçao.
nao é de agora que o porto nao consegue resolver o seu envelhecimento e nao é de agora que recusa investir em outros modelos. desde o fim da era industrial que nunca mais teve mercado nem poder de compra .
e acima de tudo faltou e falta visao para o fazer. nao pode aplicar a formulas de berlim, nem as de lisboa. houve alguns projectos no porto,e fenomenos espaçados no tempo que funcionaram na altura mas foram insuficientes.
como é que ninguem se lembrou de inventar uma app com quartos de estudantes? ou simplesmente de contratar os estudantes para que eles pudessem pagar renda?
mesmo antes da vaga de turismo, do airbnb e da uber que ja nao conseguia fixar um populaçao residente.
Se deixas as margens de um rio e as encostas da montanha desertas, sem vegetaçao, as primeiras chuvas vao arrasar com a geografia. a agua vai continuar a passar mas quem la estava antes, se sobreviver, vai ter de aprender a viver com a transformaçao.
sim... ha de facto uma parte da populaçao que quer e ja nao consegue aceder a casas em algumas partes do centro do porto. uma parte dessas pessoas nao sao sequer habitantes do centro do porto e querem agora mudar-se para o centro sem saberem o que isso significa.
por fim...
anda muita gente agarrada a meta-narrativa distopica da gentrificaçao: "o deus nos acuda é so hoteis e restaurantes!"... isso para mim é no minimo barulho. e que por vezes, vezes demais, se mistura com o regionalismo e nacionalismo... é um bocado como o da ponte para mulher. tentem la poupar-me um bocado, portanto.