Kentish Town


Ao meu redor há um rumor que verte óleos e outras águas de oficina e de limpeza.
Há venenos, perfumes e mecânicas a girar em torno de si.
Se não olhar as coisas, estas resistem à minha passagem.
Ficam-se.

Mas ao meu redor há um bulício que dispara peças e porcarias.
No mesmo ar existem pressões atmosféricas diferentes, ventos com todas as temperaturas.
Há cantos de betão e zonas de terra com ervas de jardim. Cheira a molhado e a seco na mesma rua.

Se parar um pouco e falar amavelmente respondem-me bem ou melhor ainda. São capazes de me voltar a chamar com uma espécie de luz que se levanta por detrás delas. Depois, despedimo-nos, viro-me ao meu caminho e vou-me embora. À minha frente ficam as sombras feitas de estardalhaços.

Somos tão frágeis uns com os outros.

Kentish Town, 2013







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