Morreu o Cenourinha. RIP

"O Cenourinha apareceu no Fundão numa noite de Verão acompanhado de um outro cão que morreu atropelado numa passadeira perto do palácio da Justiça. Nunca andou em matilhas, nem nunca tolerou outros cães. Apenas privou com a Maria, por quem se apaixonou à primeira vista. Esta, curiosamente era muito parecida com o seu amigo que morreu atropelado! A matilha do Cenoura fomos todos nós. Ia ter a qualquer lado onde ouvisse música, avisava os amigos quando a polícia andava próxima, afugentava tarados e estranhos quando estes tentavam abordar as raparigas. Acompanhava os amigos mais alcoolizados até à porta de casa ao final da noite. E nunca se adaptou a viver em espaços fechados. Foi atacado por cães que o deixaram quase à beira da morte e foi salvo pelos amigos da Escola que lhe financiaram uma cirurgia, e que deixaram de ensaiar para converter a garagem dos Marruchos em enfermaria de campo. O prato favorito eram os ossos do presunto da cozedura dos caracóis que lhe serviam no Sopas e Migas. E a meio da sua vida deixou de fumar. Vomitava sempre que se deslocava de carro e odiava coxos e aleijados. Com a velhice ficou surdo e cegueta, mas assim que reconhecia um amigo fazia uma festa. Esta é a minha homenagem ao Cenourinha, cão reconhecido em toda a beira baixa por doutores e pastores. RIP Cenourinha."
 

by Aires Fernandes, 21 Maio 2013



E fica também uma reportagem, do Rui Pelejão, sobre este cão que representa uma era da cidade onde nasci.
http://www.a23online.com/2013/05/20/uivemos-irmaos/

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