Pelo tom de voz ao telefone percebi...

E então combinei com ela no Casal, o mesmo café em que a Íris tinha acabado comigo. Os sítios só devem ser ocupados por histórias bonitas ou desinteressantes mas, de verdade, às vezes acontecem coisas tristes. E já que têm de acontecer, que sejam todas no mesmo sítio e, de preferência, num que desapareça ou mude passado pouco tempo. O Casal deve pagar uma renda alta e tem sempre pouca gente. Fiquei com a sensação de que ela não queria que fosse nesse café até porque, uma vez que lá tínhamos passado, eu tinha-lhe contado a pequena história que eu já tinha vivido naquele lugar. Foi direita ao Embaixador e de lá me mandou uma mensagem. Eu disse-lhe para vir ter comigo, ali. Fomos pontuais como sempre. Quando olhava para mim ficava perturbada. Eu estava meio confuso ainda com alguma esperança. Disse-me que estava bonito, mas que podia ter ficado mais moreno. Estava obviamente nervosa e suspirava frequentemente em tensão como se estivesse a voltar a convencer-se. Lá lhe saiu. Depois veio o discurso ensaiado, o da pessoa maravilhosa e que tinha sido muito importante para ela. Eu concordei. Ficou furiosa e foi-se embora não sem antes se aproximar sem nunca olhar para mim. -Beijinho - disse ela. Levantei-me meio atordoado para receber e dar dois beijos na cara. Foi tudo um pouco ao safanão e eu só estava a tentava perceber o que se ia passar. Foram secos os beijos, como devem ser nestas alturas. Eu ia para cima e ela também mas o seu passo de fuga não deu para nada. Parou no sinal vermelho e eu que já me estava a ir, parei a olhar para ela, a cinco metros. Ela de costas e quando o dei o primeiro passo para ela, o sinal ficou verde. Ela arrancou e eu parei. Só deu para um passo esse tempo... um passo. Tudo somado nem 5 minutos foram.

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