111 milhões de euros para isto.

Partilho este assunto com o máximo de pessoas que conseguir. Peço-vos que façam o mesmo, caso sejam sensíveis a esta situação. "Exmos. Senhores: Escrevo-lhes acerca dos atrasos nos pagamentos da Capital Europeia da Cultura e após ter tentado por todas as vias resolver a situação com os devedores. Escrevo a título particular mas há todo um coletivo anónimo que está a atravessar pela mesma situação. Cada qual terá o seu motivo para preferir manter o silêncio. Eu opto por denunciar aquilo que acho ser um abuso, na tentativa de o conseguir travar. Sou cenógrafo, vivo no Porto e trabalho “a recibos-verdes” há 10 anos nas artes do espetáculo. Em Abril fui convidado pelo Espaço Oficina para participar num dos seus projetos na Fábrica ASA e aceitei o desafio com muito gosto. Vai daí, construi as marionetas e alguns adereços para o espetáculo de teatro“Cidade Domingo”, investindo tempo e dinheiro nesse trabalho. Após a conclusão da carreira de espetáculos, passei o recibo verde referente ao trabalho efetuado. Fui chamado novamente em julho, desta vez pela produtora de eventos Stay On The Scene (SOTS), para trabalhar na Plataforma das Artes, onde fiz “assistência de palco” no concerto de jazz de Pat Matheeny. Tudo decorreu dentro da normalidade, à excepção de um pormenor em comum: o facto de ainda não ter recebido um cêntimo desses trabalhos. No que diz respeito à SOTS, já os contactei diversas vezes e ainda nem sequer me transmitiram os dados para que eu possa emitir um recibo. Esperava ser recompensado pelo meu trabalho mas até agora recebi um e-mail do Espaço Oficina e uma carta do Centro Cultural de Vila Flôr, em Agosto passado, a pedir “paciência”, prometendo que a situação de liquidez financeira estaria resolvida em Setembro. Nada mais me disseram desde então. Setembro já lá vai e a situação ainda está por resolver. O problema é que não dá para trocar cartas-por-comida ou cartas-por-gasolina ou seja o que for... E é sabido que ninguém se alimenta de papel (deste tipo, pelo menos)! Neste contexto de exploração laboral estão muitos “fornecedores independentes a recibos-verdes” que garantem o acontecimento dos eventos programados nos vários espaços da “Cidade-Berço”. E que há vários meses não recebem pelo trabalho já efetuado para as múltiplas estruturas culturais. E, assim sendo, verifica-se que os parceiros estratégicos da CEC, subcontrataram, subcontratam e continuam a subcontratar equipas técnicas, sem data marcada para o pagamento desses serviços. E muitos continuam a trabalhar a troco de nada. Nos "entretantos", a CEC continua a fluir sem que ninguém “dê conta” do que realmente se passa. Lamento que este tipo de realidade seja vista como um incómodo e que, apesar de todas as evidências, ninguém dê grande relevância a este assunto de destaque. É imperativo actuar com urgência. Antes que se confirme a extinção da Fundação Cidade Guimarães, altura em que todos descartarão responsabilidades. É essa noção de urgência/emergência que me leva a denunciar, após vários meses, esta situação limite. Este assunto tem a minha total atenção e estou à disposição para qualquer esclarecimento. Acredito que este e-mail irá igualmente chamar à atenção... que sirva, pelo menos, para isso. Sem mais no momento, atenciosamente, Nuno Valdemar Guedes"

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