Setembro 2012
Normalmente no Porto as pessoas têm medo que as casas apodreçam. Mas eu tenho uma casa de boa construção, bom chão, bom telhado e boas paredes. No Inverno passado cheguei mesmo a reforçar o isolamento das portas e janelas. Durante a minha permanência aqui, já houve inundações e infiltrações mas todas foram resolvidas em bom tempo. Agora tenho outro problema. A falta de humidade. Estive fora durante um mês e a casa desidratou. Acho até, que ficou mais espaçosa porque a estrutura encolheu de tão seca.
Ontem antemanhã, abri durante várias horas, todas as janelas e portas das varandas para que o ar de lá de fora entrasse, não para trazer, mas para levar a olência de terra sem água. Parece impossível mas o quarto e a sala cheiram tanto ou mais que a rua, que durante estas madrugadas recebeu com rudeza as primeiras chuvas. A diferença é que cá dentro o aroma é estupidamente enxuto. E não é aquele seco empoeirado. É aridez limpa.
Já ando nesta luta há vários dias, desde que o céu ficou cinzento. Mas é como se casa estivesse ressequida e assim quisesse ficar. Murcha. Eu não vou deixar. Serei pouco amável com as vontades minha casa. Se não fosse a descortesia com que a vou abrindo aos pingos, ou a aparente insensibilidade com que a deixo sentir a severidade do tempo mesmo que isso me possa deixar doente, a esta altura a casa estaria sedenta e murcha. Às vezes são entradas leves quase nuvem, outras vezes são gotas pesadas e soltas, que se aventam cá para dentro, de rajada em rajada. Há bocado, a determinada altura, uma ventania fértil derrubou uma das duas plantas que me restam cá em casa. Levantei-a, e varri os bagos de terra, para um canto aqui no estúdio. Ainda agora olhei para eles. Passei a esfregona húmida sem enxugar. Vai ser um combate longo e confuso contra a secura este que vou travar com a minha casa. O que me vale é que ainda só é Setembro.
Ontem antemanhã, abri durante várias horas, todas as janelas e portas das varandas para que o ar de lá de fora entrasse, não para trazer, mas para levar a olência de terra sem água. Parece impossível mas o quarto e a sala cheiram tanto ou mais que a rua, que durante estas madrugadas recebeu com rudeza as primeiras chuvas. A diferença é que cá dentro o aroma é estupidamente enxuto. E não é aquele seco empoeirado. É aridez limpa.
Já ando nesta luta há vários dias, desde que o céu ficou cinzento. Mas é como se casa estivesse ressequida e assim quisesse ficar. Murcha. Eu não vou deixar. Serei pouco amável com as vontades minha casa. Se não fosse a descortesia com que a vou abrindo aos pingos, ou a aparente insensibilidade com que a deixo sentir a severidade do tempo mesmo que isso me possa deixar doente, a esta altura a casa estaria sedenta e murcha. Às vezes são entradas leves quase nuvem, outras vezes são gotas pesadas e soltas, que se aventam cá para dentro, de rajada em rajada. Há bocado, a determinada altura, uma ventania fértil derrubou uma das duas plantas que me restam cá em casa. Levantei-a, e varri os bagos de terra, para um canto aqui no estúdio. Ainda agora olhei para eles. Passei a esfregona húmida sem enxugar. Vai ser um combate longo e confuso contra a secura este que vou travar com a minha casa. O que me vale é que ainda só é Setembro.