Beijinhos de Lagos
Hoje houve um homicídio nas traseiras de minha casa. Um ex-marido matou a mulher com dois tiros no coração. Primeiro ouvimos 3 tiros, a minha mãe não ligou enquanto eu insistia com o meu irmão para ele sair da varanda. Entretanto, dez segundos passados, mais dois tiros. Passado dois minutoso meu irmão vira-se cá para dentro — Já li houve merda! — Fui à varanda e alguma gritaria, percebemos ao longe no meio do vento "está ali uma senhora ferida deitada no chão. Tivemos a certeza que tinha sido ali logo por baixo das árvores, mesmo ao lado do recinto de basket. Convencemos a minha mãe que que tem o curso de enfermagem a descer com umas compressas, o meu imrão foi atrás a enrolar o cigarrito enquanto eu telefonava para o 112. Ninguém me atendeu. Entretanto da varanda vi a minha mãe a chegar. Já uma senhora tinha gritado de lá de baixo, para os vizinhos do segundo andar — Tem de ser rápido! Os bombeiros! Ou assim ca'! — fui à net sacar o número dos bombeiros de Lagos, liguei — Olhe desculpe houve um tiroteio no bairro da Ameijeira, acho que está alguém ferido, e ninguém me atende do 112. — Um tirotêo?… — Sim dispararam cinco tiros e vai ali um alvoroço, acho que está alguém ferido. — E já ligou para o 112? — Já. Não me atenderam. — Dê-me o seu nome. — João Marrucho — João Marujo? — Marrucho com dois érres. — Espere aí que já nos estão a ligar do 112. A gente vai já para lá.— Chegaram nem 2 minutos depois.
E pouco depois o meu irmão aparece no meu campo de visão ligo-lhe — Então o que se passa? — oh... está ali morta... três tiros no peito. — A sério? — Estão ali a fazer-lhe massagem cardíaca mas aquilo... — Mas o que aconteceu? Espera aí que a gente já vai para casa. — Contou-me depois a minha mãe que ainda lhe sentiu o pulso, mas nada. Dois tiros no coração, com o sangue ainda a escorrer pela boca e a senhora cinzenta, com o coração furado e sabe-se lá mais o quê (pulmão ou sistema digeistivo superior) não acordou. O autor do crime, desapareceu pelo meio das árvores.
Viemos a saber depois que estavam separado há 2 anos. Eram ambos professores, e clientes do café onde costumamos ir. — Ele andava muito mal, e não comia bem. Não bebia e uma véz vi-o a cambalear, de tão mal que andava. Muito bem educado — Dizia ela que ele a abraçava, à dona do café, — Chorando a dizer que queria morrer.. Era uma pessoa mesmo boa, idónea e apresentava-se bem, mas com isto tudo tinha ficado até descuidado de aspecto... Uma véz chamé o irmão dele de Lisboa porque lhe dei uma bifana e ele já vomitava. Levou-o ao psiquiatra. Ele veio passado uns tempos e disse que andava melhor. Que tinha ultrapassado e que se sentia mesmo bém. — A mulher sempre muito bem disposta, ao que parece, já tinha deixado de cozinhar para ele e tinha-o posto fora de casa.
Disse-nos a nossa mãe que ela levava um maço de cigarros e um isqueiro na mão. Mais nada. Devia ir tomar café. Quando dissemos isso à senhora do café, arrepiou-se.
Às vezes as pessoas matam-se devagar umas outras. Outras vezes é num instante.
Quase todos os dias me lembro que estou vivo e tenho cabeça, tronco e membros.
Devia lembrar-me mais vezes. Beijnhos de Lagos
E pouco depois o meu irmão aparece no meu campo de visão ligo-lhe — Então o que se passa? — oh... está ali morta... três tiros no peito. — A sério? — Estão ali a fazer-lhe massagem cardíaca mas aquilo... — Mas o que aconteceu? Espera aí que a gente já vai para casa. — Contou-me depois a minha mãe que ainda lhe sentiu o pulso, mas nada. Dois tiros no coração, com o sangue ainda a escorrer pela boca e a senhora cinzenta, com o coração furado e sabe-se lá mais o quê (pulmão ou sistema digeistivo superior) não acordou. O autor do crime, desapareceu pelo meio das árvores.
Viemos a saber depois que estavam separado há 2 anos. Eram ambos professores, e clientes do café onde costumamos ir. — Ele andava muito mal, e não comia bem. Não bebia e uma véz vi-o a cambalear, de tão mal que andava. Muito bem educado — Dizia ela que ele a abraçava, à dona do café, — Chorando a dizer que queria morrer.. Era uma pessoa mesmo boa, idónea e apresentava-se bem, mas com isto tudo tinha ficado até descuidado de aspecto... Uma véz chamé o irmão dele de Lisboa porque lhe dei uma bifana e ele já vomitava. Levou-o ao psiquiatra. Ele veio passado uns tempos e disse que andava melhor. Que tinha ultrapassado e que se sentia mesmo bém. — A mulher sempre muito bem disposta, ao que parece, já tinha deixado de cozinhar para ele e tinha-o posto fora de casa.
Disse-nos a nossa mãe que ela levava um maço de cigarros e um isqueiro na mão. Mais nada. Devia ir tomar café. Quando dissemos isso à senhora do café, arrepiou-se.
Às vezes as pessoas matam-se devagar umas outras. Outras vezes é num instante.
Quase todos os dias me lembro que estou vivo e tenho cabeça, tronco e membros.
Devia lembrar-me mais vezes. Beijnhos de Lagos