Carta aberta a quem só acredita que o próximo passo é já uma economia de recursos
Será que estamos mesmo interessados em contribuir, opinando, melhorando, questionando, partilhando uma proposta para um novo modelo financeiro, ou isto é mesmo uma cena anti-finanças, anti-dinheiro, anti-capital e anti-tudo-o-que-vá-para-além-da-economia-de-recursos?
É que esta sociedade não vai conseguir chegar tão cedo à economia exclusivamente operada através de trocas directas. E para construir cidades tão desenvolvidas ao ponto de não ser necessário pagar nada a ninguém, enfim, é bonito mas como? E por favor não me respondam com ideologias que essas não são acção que baste, respondam com ideias. Como?? Vamos indo e vamos vendo? Isso não me cheira que vá dar um bonito resultado...
Acho que temos que fazer (e tenho a certeza que conseguimos) um pouco mais.
Nem todos os países têm os mesmo recursos, as mesmas oportunidades, e muito menos nas mesmas alturas... O dinheiro pode ser um ferramenta eficaz na resolução destes poblemas...
O dinheiro têm três funcões básicas, que foram deturpadas por este modelo financeiro:
• Medida de valor
Esta função é muito importante, porque é o que permite medir o valor das coisas. Se eu tivesse cabras, e tu tivesses galinhas, e quisessemos negociar cabras por galinhas, 1 cabra não vale exactamente 10 ou 11 galinhas, talvez valha 10,5 e como eu quero galinhas vivas não me podias dar meia galinha!
Assim, encontramos algo que meça correctamente o valor das coisas.
• Reserva de valor
Se eu quiser guardar o fruto do meu trabalho, em vez de guardar ouro, galinhas ou cabras debaixo do colchão, troco-o por dinheiro e ele fica numa conta. Assim não m'o roubam, e não ando a carregar ouro, galinhas e cabras caso queira ir viver para outro lado.
• Meio de pagamento
Voltando às cabras e às galinhas, o dinheiro substitui conchas ou sal (antigas moedas) na nossa troca comercial. Com cartões de crédito consigo ir ao supermercado sem levar as minhas cabras para a caixa a fim de pagar as compras com elas!
O desenvolvimento dos meios de comunicação e transporte criaram um paradigma onde a deslocação de pessoas e bens é sinónimo de liberdade de opção. Privar um ser humano da possibilidade de deslocação entre países por questões do foro monetário é considerado uma privação da liberdade. Pensar que um regresso ao passado de economias de recursos improvisadas pela força das necessidades imediatas, possa ser uma solução para esta ingerência global, é para mim uma ideia romântica para quem nunca viveu afastado de estruturas e confortos que estes primeiros séculos de "sofisticação" da economia trouxeram... as estradas que dão acesso, os hospitais, escolas, informação, momentos de lazer, que o desenvolvimento têm trazido à civilização humana.
A necessidade de deslocação está na nossa natureza. O dinheiro ajuda a que eu possa ter acesso a isso... O nomadismo, o mercantilismo e até a globalização por mais irresponsável que tenha sido o seu desenrolar, são disso prova.
Acredito que pode haver melhores e mais alternativas. Aqui está uma: http://jamtexto.blogspot.pt/2011/11/proposta-para-um-sistema-financeiro.html
Só vos peço que não façam o mesmo que os meios de comunicação social (jornal i, expresso, público, jornal de negócios...) estão a fazer:
ignorar.
(obrigado primo António Manuel)