Um sistema financeiro humanista e matematicamente viável
Há uns tempos, num texto A Unidade da Economia, expliquei porque é que o actual sistema financeiro não funciona. A conclusão mais forte que se pode retirar desse texto é que até aos dias de hoje o processo de emissão de moeda, assim como todo o sistema financeiro que a rodeia, tem sido trabalhado como um negócio. Os juros são o reflexo desta atitude e têm escravizado os estados. Concluiu-se também que as finanças têm que ser um sector tão sério e bem intencionado com a justiça ou a saúde.
Para que o mundo saia do retrocesso civilizacional que o actual sistema impõe e conheça uma nova era de desenvolvimento os bancos vão ter que mudar de ramo.
Faltou propor um novo modelo financeiro. Assim, é com muita esperança e algum orgulho que aqui deixo uma nova ideia de sistema financeiro. Baseada em pressupostos humanistas e algumas equações entre emissões e recolha de moeda, que servem para manter o equilíbrio entre a economia e o ser humano. Quase todos os conceitos que servem de base a este sistema já existiam. Os custos laborais, a pegada ecológica quantificável, o lucro, as taxas, administração pública, administração privada, empréstimos, etc... no entanto, aqui, como em muitos países muçulmanos, não existem juros...
À partida, há dois conceitos novos: o conceito de servidor central legislado e o conceito de dinheiro morto. Enquanto o primeiro é fácil de entender o segundo parece mais estranho. Mais adiante se perceberá melhor o porquê destas duas ideias.
Outra novidade neste sistema é que a emissão da moeda não é feita baseada no investimento em mercados de títulos de dívida... sempre que um Estado ou um Banco quer ou pede. A moeda é emitida para pagar os ordenados. Também pode ser emitida moeda para fazer empréstimos mas este sistema financeiro não permite juros.
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Este sistema têm como principal motor compensação da força laboral mas (e isto também é novidade) pode responsabilizar os trabalhadores pelos custos laborais desperdiçados por negligência ou quando requisitados de modo fraudulento. O dinheiro apenas desaparece do mercado quando os empréstimos são devolvidos ao servidor e quando uma determinada unidade monetária (cada unidade monetária têm uma referência única) fica parada durante muito tempo. É este o conceito de dinheiro morto.
Este sistema depende de uma informatização e referenciação completa da moeda, para que a fraude possa ser detectada, provada e desfeita. Parte-se do princípio que a moeda é a unidade de medida da economia e que tem valor fixo. Portanto não é transacionável por outas moedas.
Abaixo o mesmo esquema mas mais detalhado (clique para ampliar):
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Este modelo permite:
· o aumento dos ordenados mínimos
· baixar os impostos sobre o rendimento
· estabelecer uma relação directa entre a necessidade de dinheiro e o número de trabalhadores activos
· controlar a produção de acordo, não apenas com a lei da oferta e da procura, mas também de acordo com os recursos ecológicos de cada pessoa, empresa ou estado
Este modelo exige:
· a numeração das unidades monetárias (cada unidade monetária deve ser mapeável)
· a responsabilização legal dos trabalhadores pelos seus próprios ordenados
· a responsabilização legal dos administradores/gerentes por todos os recursos e investimentos da empresa/instituição (excepto os gastos com pessoal)
· o estabelecimento de mínimos e máximos de custos/hora para cada trabalho/profissão
· a definição de tectos salariais iguais para administração pública e privada
· que a poupança seja permitida: cada pessoa pode pedir uma conta poupança ao servidor; cada empresa pode ter uma conta poupança cujo o valor deve ser estabelecido a partir de uma relação com o seu volume de negócios.
· que a privacidade seja garantida e que os detalhes pessoais das compras e vendas (local do negócio, serviço ou bem negociado) apenas possam ser vistos pela justiça, em eventuais investigações.
· a estratificação e definição do preço de um produto de acordo com custos laborais próprios / custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas / fornecimentos de serviços externos + mais lucro ou taxas
O servidor financeiro reduz a emissão de moeda quando a economia contrai (quando há menos trabalho e produção) ou quando o excesso de produção ameaçar a nossa presença neste planeta. Para isso recolhe moeda através:
· de uma taxa ecológica, emitindo-a para um departamento público responsável pela eliminação dessa pegada. esta será uma taxa directamente proporcional ao dinheiro necessário para repor os danos causados pela pegada ecológica de cada negócio/produto/serviço. Isso é calculado a partir da raiz do processo produtivo de acordo com as emissões de CO2 necessárias na produção de um bem ou serviço. A pegada ecológica é cumulável nas transformações do produto, sendo calculável (ainda que por aproximação). A pegada ecológica deve estar denunciada na embalagem e obrigatoriamente reflectir-se-há no preço.
· da recolha de empréstimos
· da eliminação do dinheiro morto (que não é movimentado durante mais de 6 meses) impossibilitando a acumulação de riqueza ad eternum e obrigando a activação da economia pela circulação do dinheiro.
O servidor central injecta dinheiro através dos empréstimos e dos custos laborais, e recolhe dinheiro através da recolha de empréstimos, do dinheiro morto e das taxas ecológicas.
A diferença entre a emissão de moeda e a recolha desta, é chamada de dinheiro funcional.
Assim:
Custos laborais = Salários dos trabalhadores + Honorários de trabalhadores independentes contratados a termo
Taxa Ecológica = Custos laborais directamente associados à eliminação de CO2 + Outros custos necessários para a eliminação de CO2)
Dinheiro Funcional = (Custos Laborais + Emissão de Empréstimos) – (Taxa Ecológica + Dinheiro Morto + Recolha de Empréstimos)