GIF (pequena investigação na internet e reflexão escrita à volta do que pode ser observável relativamente a este formato digital)

(para o Geada a propósito do GILF )

Em 1969 nasceu uma empresa chamada CompuServe dedicada ao que eles chamaram de serviços de "Cumputer Time-Sharing". Essa empresa tornou-se 10 anos depois na primeira entidade a fornecer serviços de e-mail e um ano depois a criou o primeiro sistema de "Real-time chat". Em 1986 a CompuServe, a fim de fornecer um formato de imagem a cores para as suas áreas de descarga de ficheiros criou o Formato GIF. O GIF tornou-se popular porque utilizava uma compressão de dados mais eficiente. A opção de intercalamento (interlacing), que armazena as linhas da imagem fora de ordem e as reorganiza no ecrã deixava que um utilizador, enquanto baixasse um documento, fosse capaz de, a pouco e pouco, ir reconhecendo a imagem, podendo parar o descarregamento caso ela não fosse o que pretendia. Isto pode não fazer grande sentido para a alguns utilizadores hoje em dia, mas em 1987 a velocidade de troca de dados era lenta e dava jeito poupar alguns segundos ou minutos por imagem.
Uma particularidade do GIF relativamente aos seus predecessores era a possibilidade de armazenar diferentes frames criando animações. Desde 1987 que foram criados muitos programas diferentes, uns mais experimentais outros mais profissionais, para criar animações em GIF. Em 1998 a CompuServe foi comprada pela AOL (American Online). Apesar de ser propriedade da AOL, hoje em dia, é possível criar e manipular imagens em formato GIF em software e webware (1) gratuito sem qualquer risco.

Em 1991 o formato standard de Jpeg foi instituído numa reunião entre diferentes entidades. Este formato, ao contrário do GIF, não tem dono. O Jpeg não permite animações mas pode conferir às imagens melhor qualidade.
Em 1996 foi criado o PNG que permitia dar diferentes níveis de transparência a cada pixel, melhorando assim a capacidade de colocar uma imagem em diferentes fundos. O formato PNG também é do domínio público mas apenas permite animações na sua extensão APNG que não é descodificada nalguns browsers.
O formato MNG (Multiple-image Network Graphics) é um formato livre que permite armazenar e visualizar animações mas é menos suportado que o próprio PNG.

Depois disto não é de estranhar que durante a década de 90 os GIFs (estáticos ou em movimento) tenham sido tão usados para "sofisticarem" as caras de muitos sites.
Não obstante também se percebe que, pelas outras vantagens, outros formatos, como Jpeg e o PNG, tenham, a partir do final dos anos 90 e durante todos os 00's, encontrado grande aceitação por parte dos utilizadores.
A imposição dos software da Adobe (Photoshop, Image Ready...) que as escolas de design de comunicação um pouco por todo o mundo estão a fazer aos futuros designers profissionais, faz com que muitos deles consigam produzir documentos em qualquer um destes formatos. Muitos outros programas livres como o GIMP também permitem criar GIFs. Amadores um pouco por todo o mundo aprendem a fazê-los em vídeos no Youtube. Estou em crer que, ainda assim, a maioria dos GIFs já é produzida em Free-Webware.

Entre 2004 e 2009 algo acontece no seio da cultura visual dos utilizadores de internet: O Myspace. O Myspace, para quem não sabe, ainda é um site social que permite alojar música, trocar mensagens, e comentar em murais personalizados pelos próprios utilizadores. Essa rede atingiu o auge da sua popularidade em 2006 e está a conhecer o seu declínio como algo proporcionalmente inverso à ascenção do Facebook. Uma das características do Myspace era a de permitir usar GIFs animados como "Display Picture" e em quase todos os outros locais do mural. As bases de dados pessoais com GIFs, encheram-se de novas animações criadas por uma gigantesca e emergente comunidade de utilizadores.
Os GIFs animados sofisticaram-se em todos os aspectos. As adolescentes deitaram-lhes purpurina(2), os cinéfilos fizeram apropriações de filmes do Youtube, as animações e manipulações mais surpreendentes passaram a ser feitas, quer por utilizadores casuais de Webware, quer por designers profissionais. Enquanto alguns GIFs se sofisticaram, outros mantiveram-se intactos em servidores. O GIF passou a ser uma unidade de medida do tempo na internet. Assim como o design dos carros se sofistica, e os modelos antigos nos ajudam a transportar a mente para outros tempos, os GIFS mantêm características que nos ajudam a datar a sua criação. Existem centenas de bases de dados apenas com GIFs antigos que estão ao alcance de qualquer pessoa que tenha visto nos GIFs um formato onde a contemplação e a investigação pode ser iniciada tão pacificamente como aquando do encontro com qualquer outro suporte, formato ou técnica. Hoje em dia os GIFs são peças de autor (nalguns casos fechadas à reprodução). Mas são mais do que um formato fechado a designers e a outros artistas de internet, são "conceitos que se espalham através da Internet"(3) e que fazem parte do modo como a cultura se constrói na internet do nosso tempo.


1
Webware
Termo sugerido por diversos especialistas em Internet para nomear os aplicativos da Web 2.0, referindo-se à segunda geração de serviços e aplicativos da Internet, que permite maior interação com o usuário e semelhança com aplicações desktop.
in http://pt.wikipedia.org/wiki/Memes_de_Internet


2
Purpurina aka "Glitz"
Describes something that is showy without much substance.
Dumbfounded, confused, amazed.
in http://www.urbandictionary.com/define.php?term=glitz


3
Meme de internet
a) A expressão "Meme de Internet" é utilizada para descrever um conceito que se espalha através da Internet.[1] O termo é uma referência ao conceito de memes, embora este conceito se refira a uma categoria mais ampla de informações culturais.
b) Um meme, termo cunhado em 1976 por Richard Dawkins no seu bestseller O Gene Egoísta, é para amemória o análogo do gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade deinformação que se multiplica de cérebro em cérebro, ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros) e outros locais de armazenamento ou cérebros. No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma autopropagar-se.
in http://pt.wikipedia.org/wiki/Memes





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