"Não temos de pagar pelas loucuras dos bancos"

Entrevista ao Presidente da Islândia - "Não temos de pagar pelas loucuras dos bancos"
via Pai Marrucho ♥

Artigo retirado da Courrier Internacional, Maio 2011 (Original: El País)

Não parece disposto a dar o braço a torcer na questão do Icesave.
Estará porventura a assumir um papel que não é o seu?


Até agora, esta prerrogativa nunca tinha sido usada, mas vivemos tempos de grandes desafios. O essencial é que a Islândia é uma democracia, não um sistema financeiro, eque esta não é apenas uma crise económica: é uma crise política. Uma das razões porque a Islândia está a recuperar rapidamente reside no facto de o país estar a dar uma resposta democrática espantosa, e não apenas uma resposta financeira. Os islandeses provocaram uma mudança de Governo, deram início a uma investigação e vão rever a Constituição. Os referendos inscrevem-se nessa tendência. As anteriores condições de pagamento eram muito injustas: as novas são melhores, mas se os islandeses vão ter de pagar uma dívida da sua banca devem ter o direito de decidir.

Há dois anos, o euro parecia um paraíso para divisas pequenas como a coroa. Agora, o vento mudou mas, ainda assim, o Governo quer que a Islândia entre na U.E.. E o senhor?

Os recursos energéticos, a pesca, o turismo, tudo isso foi crucial para sair da crise, talcomo a nossa divisa. A forte desvalorização é um paradoxo: por um lado ficamos mais pobres, mas, por outro, a competitividade da indústria aumenta.

Com o euro, essa vantagem desapareceria.

É evidente que a moeda foi parte da solução e que a Grécia e a Irlanda não puderam usar esse recurso. Mas a conveniência ou não da adesão à U.E. vai depender da negociação. Há uma contradição interessante: as sondagens mostram uma maioria que quer que as negociações prossigam. E há uma maioria ainda maior contra a adesão.

A Islândia deixou cair os seus bancos e persegue os banqueiros.
Considera istocomo um modelo islandês de saída da crise?


Talvez não nos restasse outra opção: os bancos eram tão grandes que não havia forma de os resgatar. Mas pouco importa se havia ou não outras opções: a Islândia não aceita a ideia de o cidadão comum ter de pagar a totalidade da factura pelas loucuras dos bancos, como aconteceu noutros países com as nacionalizações pela porta das traseiras.

Mensagens populares