Eu não pertenço ao Porto
Tenho andado mais calado, porque tenho andado atento a seguir os movimentos da maré do Porto. E percebi que a maré não enche, nem esvazia. Assim sendo, dou de frosques. O meu corpo ainda está cá (ou não tivesse casa, trabalho, namorada, família e muitos amigos), mas fui-me embora virtualmente, em espírito. Já cá não estou. Adeus. Boa sorte por cá que eu já cá não estou.
Se eu estivesse no Porto provavelmente estaria preocupado com as coisas da cidade. Com o desenho e a pintura de cá, com o clube do Porto, com o design de comunicação do Porto, com a música e com tantas outras coisas desta cidade.
Mas não. Tenho-me apercebido que cada vez estou menos preocupado com isso. Enganei-me durante muitos anos com a ideia de que eu seria de cá. Desesperava a pensar como tornar isto melhor: como formar um movimento artístico? como fazer melhor música? como promover festas melhores? como fazer os melhores posters? como gastar o meu dinheiro no que era importante? como cativar o investimento público e privado em coisas com algum tipo de valor? apenas para perceber que tudo isso vale a pena quando não se pertence a esta cidade. Só as pessoas de fora do Porto valorizam o que cá há de bom.
O comportamento desta cidade chega, nos seus piores dias, a ser comparável ao de um grupo de adolescentes. Com pressões, cochichos, boatos, bocas e piadinhas segredadas. Até aceitaria ser deste grupo se ele cultivasse a qualidade, o trabalho, a honestidade, o carácter, e alegria de se ter isso. Ao invés, cá dentro, reina o culto da mediocridade e da hipocrisia. O culto da charlatanice bem disposta, do roubo intelectual, do diz que disse...
Aqui há pressão para se ser medíocre... Fala baixo! Fala menos! Sorri! Óptimo! É certo que as pressões incentivam a agregação dos jovens em grupos e que a sociedade está mais receptiva à inserção de um sujeito afiliado a um grupo do que uma pessoa que se encontre à parte. Mas e daí? Quem é que quer pertencer dum grupo de gajos estagnados, umbiguistas, hipócritas, preguiçosos. A um grupo de pessoas que só sabe dizer mal porque emprenha pelos ouvidos. De pessoas que não conseguem inovar nem escrever uma linha sobre alguma coisa de importante. Grupos de pessoas que querem ser mais tapete novo para ser gasto com sola de tipos calados que passeiam de nariz empinado e celebram vá-se lá saber o quê.
Eu não. Eu não sou de cá. Nem sei se sou de Portugal. Sou de quem eu bem quiser pelo tempo que me apetecer. Sou meu. Estas palavras são minhas. E o outro ou vive bem com elas ou arreda pé deste caminho que agora está livre (porque eu digo que está) e vai, como a maior parte das pessoas, com o rabinho entre as pernas, até ao seu covil cantar de galo para o seu exército de snobes, maldizentes e sem tesão! Sim! sem tesão... Porque se alinhas nessa, é o que te vai acontecer... se não mudares de atitude é o que te espera. Porque o Porto não precisa de gente como assim durante muito tempo. Com o tempo transforma essas pessoas numa seca e elas ficam pedra. Estátuas. Mortas. Tu não precisas de quem te diz que tens feito um grande trabalho... Precisas que de quem consiga estar aqui e não ser de cá.
Se eu estivesse no Porto provavelmente estaria preocupado com as coisas da cidade. Com o desenho e a pintura de cá, com o clube do Porto, com o design de comunicação do Porto, com a música e com tantas outras coisas desta cidade.
Mas não. Tenho-me apercebido que cada vez estou menos preocupado com isso. Enganei-me durante muitos anos com a ideia de que eu seria de cá. Desesperava a pensar como tornar isto melhor: como formar um movimento artístico? como fazer melhor música? como promover festas melhores? como fazer os melhores posters? como gastar o meu dinheiro no que era importante? como cativar o investimento público e privado em coisas com algum tipo de valor? apenas para perceber que tudo isso vale a pena quando não se pertence a esta cidade. Só as pessoas de fora do Porto valorizam o que cá há de bom.
O comportamento desta cidade chega, nos seus piores dias, a ser comparável ao de um grupo de adolescentes. Com pressões, cochichos, boatos, bocas e piadinhas segredadas. Até aceitaria ser deste grupo se ele cultivasse a qualidade, o trabalho, a honestidade, o carácter, e alegria de se ter isso. Ao invés, cá dentro, reina o culto da mediocridade e da hipocrisia. O culto da charlatanice bem disposta, do roubo intelectual, do diz que disse...
Aqui há pressão para se ser medíocre... Fala baixo! Fala menos! Sorri! Óptimo! É certo que as pressões incentivam a agregação dos jovens em grupos e que a sociedade está mais receptiva à inserção de um sujeito afiliado a um grupo do que uma pessoa que se encontre à parte. Mas e daí? Quem é que quer pertencer dum grupo de gajos estagnados, umbiguistas, hipócritas, preguiçosos. A um grupo de pessoas que só sabe dizer mal porque emprenha pelos ouvidos. De pessoas que não conseguem inovar nem escrever uma linha sobre alguma coisa de importante. Grupos de pessoas que querem ser mais tapete novo para ser gasto com sola de tipos calados que passeiam de nariz empinado e celebram vá-se lá saber o quê.
Eu não. Eu não sou de cá. Nem sei se sou de Portugal. Sou de quem eu bem quiser pelo tempo que me apetecer. Sou meu. Estas palavras são minhas. E o outro ou vive bem com elas ou arreda pé deste caminho que agora está livre (porque eu digo que está) e vai, como a maior parte das pessoas, com o rabinho entre as pernas, até ao seu covil cantar de galo para o seu exército de snobes, maldizentes e sem tesão! Sim! sem tesão... Porque se alinhas nessa, é o que te vai acontecer... se não mudares de atitude é o que te espera. Porque o Porto não precisa de gente como assim durante muito tempo. Com o tempo transforma essas pessoas numa seca e elas ficam pedra. Estátuas. Mortas. Tu não precisas de quem te diz que tens feito um grande trabalho... Precisas que de quem consiga estar aqui e não ser de cá.