Notas sobre a morte dum Ícon.
É oficial. Com a morte de Michael Jackson mudámos de paradigma.
25 de junho de 2009. Ia de viagem do Fundão para Lagos com o meu pai. Estava nesse dia a fazer a segunda parte de uma viagem que tinha começado no Porto para passar os últimos 4 dias das minhas férias na praia. Ainda não era meia noite quando o meu pai recebeu uma mensagem que eu li para que ele não desviasse os olhos da estrada. Da minha mãe: "notícia de úlitma hora, morreu michael jackson de ataque cardíaco." Ambos percebemos algo forte. Um marco. Entre silêncios fomos encaixando a notícia e não ouvi as piadas que o meu pai fazia normalmente sobre figuras populares (Michael Jackson, Herman José, só a título de exemplo...) Foi um daqueles momentos em que a nostalgia chegou com a cadência que lhe é característica. Uma coisa terna, humana, calma. Uma paz lenta e conclusiva. Telefonei a alguns amigos, e mandei mensagens de telemóvel. Muitos já sabiam, via TV e facebook. Tirámos o CD e sintonizámos uma a uma todas as estações que apanhávamos. Todas continuaram a programação rotineira como se nada se tivesse passado. À hora certa foi relatada a morte do artista. Morreu o rei da cultura Pop (Pop vem de popular, certo?).
Pergunto: Alguém quer um sucessor?
"A pop morreu." Prevejo com arrogância suficiente que seja isso que vão atestar quase todos os filósofos/musicólogos/CEOs de majors/politólogos, apenas para descobrirem (passado uns anos) que afinal não tinha morrido.
Não morreu, mudou.
Ao mesmo tempo que ponho isto online, sinto um exército deles atrás dos ecrãs, desatentos ao que digo. Uma fileira deles preocupados em saber porque é que as vendas caiem e os concertos sobre os quais escrevem apenas têm a consumidores alheados da nova morfologia da comunicação. Um batalhão de críticos a juntarem farrapos para compor a mortalha da Pop. É triste, porque a Pop não morreu. Transformou-se rápido demais para se compatibilizar com os seus aborrecedores discursos sobre as viagens às lojas de música e as idas aos concertos de milhares de pessoas. Os que construíram o mainstream português vão dá-la como morta por muitos motivos, mas a principal razão pela qual vão dizer que a Pop morreu é porque não a veem. A Pop adquiriu contornos tão diferentes que eles já não a reconhecem mesmo que estejam em frente aos seus olhos. A cena é que não é noticiada depois do sinal horário. Não passa à hora certa na rádio, nem na TV.
A Pop já não precisa que lhe abram as portas em horário nobre. O que a Pop precisa é que os que construíram o mainstream português (é do Porto, de Portugal, que escrevo) voltem às faculdades, às escolas e gastem os seus honorários numa licenciatura actualizada). Ou que continuem na mesma, preocupados com formatos museológicos como a rádio e a TV, porque a Pop por aqui, no meu bairro, está de boa saúde e recomenda-se. O paradigma mudou e já não é à hora certa que é instituída a mudança.
25 de junho de 2009. Ia de viagem do Fundão para Lagos com o meu pai. Estava nesse dia a fazer a segunda parte de uma viagem que tinha começado no Porto para passar os últimos 4 dias das minhas férias na praia. Ainda não era meia noite quando o meu pai recebeu uma mensagem que eu li para que ele não desviasse os olhos da estrada. Da minha mãe: "notícia de úlitma hora, morreu michael jackson de ataque cardíaco." Ambos percebemos algo forte. Um marco. Entre silêncios fomos encaixando a notícia e não ouvi as piadas que o meu pai fazia normalmente sobre figuras populares (Michael Jackson, Herman José, só a título de exemplo...) Foi um daqueles momentos em que a nostalgia chegou com a cadência que lhe é característica. Uma coisa terna, humana, calma. Uma paz lenta e conclusiva. Telefonei a alguns amigos, e mandei mensagens de telemóvel. Muitos já sabiam, via TV e facebook. Tirámos o CD e sintonizámos uma a uma todas as estações que apanhávamos. Todas continuaram a programação rotineira como se nada se tivesse passado. À hora certa foi relatada a morte do artista. Morreu o rei da cultura Pop (Pop vem de popular, certo?).
Pergunto: Alguém quer um sucessor?
"A pop morreu." Prevejo com arrogância suficiente que seja isso que vão atestar quase todos os filósofos/musicólogos/CEOs de majors/politólogos, apenas para descobrirem (passado uns anos) que afinal não tinha morrido.
Não morreu, mudou.
Ao mesmo tempo que ponho isto online, sinto um exército deles atrás dos ecrãs, desatentos ao que digo. Uma fileira deles preocupados em saber porque é que as vendas caiem e os concertos sobre os quais escrevem apenas têm a consumidores alheados da nova morfologia da comunicação. Um batalhão de críticos a juntarem farrapos para compor a mortalha da Pop. É triste, porque a Pop não morreu. Transformou-se rápido demais para se compatibilizar com os seus aborrecedores discursos sobre as viagens às lojas de música e as idas aos concertos de milhares de pessoas. Os que construíram o mainstream português vão dá-la como morta por muitos motivos, mas a principal razão pela qual vão dizer que a Pop morreu é porque não a veem. A Pop adquiriu contornos tão diferentes que eles já não a reconhecem mesmo que estejam em frente aos seus olhos. A cena é que não é noticiada depois do sinal horário. Não passa à hora certa na rádio, nem na TV.
A Pop já não precisa que lhe abram as portas em horário nobre. O que a Pop precisa é que os que construíram o mainstream português (é do Porto, de Portugal, que escrevo) voltem às faculdades, às escolas e gastem os seus honorários numa licenciatura actualizada). Ou que continuem na mesma, preocupados com formatos museológicos como a rádio e a TV, porque a Pop por aqui, no meu bairro, está de boa saúde e recomenda-se. O paradigma mudou e já não é à hora certa que é instituída a mudança.