Entrevista a três da Concorrência.
Feita por http://takea-break.blogspot.com/
http://www.myspace.com/concorrencia
A Concorrência é um colectivo de DJs, sendo que alguns membros também são designers e produtores de música electrónica. É um projecto constituído por cinco elementos: Albino, João, Teo, Tiago e Pedro, que teve o seu início em 2001, fruto de uma colaboração entre amigos e colegas de faculdade. Actua principalmente no Porto: Passos Manuel, Maus Hábitos, Plano B...
Entrevista a três deles: João, Albino e Tiago.
Este é um projecto de DJ’s que é constituído também por alguns produtores de música. Para vocês um DJ é, também ele, um músico?
João: Se existem termos distintos para situações diferentes é para que não confundamos as coisas. Um DJ pode ser "mais músico" ou "menos músico", por assim dizer, usando instrumentos musicais, microfone, caixas de ritmos, criando e aprendendo técnicas de manipulação do som. Assim como pode ser mais ou menos circense. Um resposta completa a esta pergunta não pode deixar de abordar a questão da interpretação e reconstruçção de músicas mas isso é tema para um ensaio/tese.
Albino: Como disse o João são dois termos distintos. Um DJ é uma coisa e um produtor é outra. A meu ver, por mais que um DJ se mexa, pule ou manipule o som, se ele encarar o seu acto como um DJ-set, é um DJ. Por mais ou menos activo que seja. Depende da postura que assume, o que não invalida que um DJ não possa também ser produtor. Cabe à pessoa decidir como se apresenta quando vai tocar.
Porquê o nome Concorrência?
João: Em 2001 eu vivia com a Silvina Couto e queríamos, como jovens estudantes de design, sonhávamos em ter um estúdio. Soubemos que já havia um na nossa rua e resolvemo-nos chamar Concorrência Design. No início a Concorrência era isso: um nome, umas folhas A4 com uns estudos para logótipo e duas secretárias com equipamento básico. Em 2003, quando o Perdo chegou ao Porto a coisa mudou. Muita coisa aconteceu, há cerca de um ano abrimos o projecto e entraram três grandes amigos.
Quais as referências do vosso projecto, em termos musicais?
João: Mudam regularmente. Influenciamo-nos uns aos outros. Temos essa preocupação... é normal juntarmo-nos nas vésperas dos DJ sets mais publicitados para fazermos audições das coisas uns dos outros.
Tiago: Penso que o projecto vive da influência mútua, todos nós temos as nossas referências, as quais discutimos e partilhamos. Todos nós ouvimos cada vez mais coisas, procuramos ouvir mais, e podemos ouvir quer música clássica, quer electrónica mais profunda e abstracta. A grande vantagem é que nada disto é estático, tudo em potência.
Albino: As nossas referências acabam por ser o que andamos a ouvir no momento. Todos nós investigamos, uns mais por um caminho outros por outro e ás vezes no mesmo. Penso que há um senso comum a nível de gosto que faz com que nos entendamos mesmo quando não estamos inteiramente no mesmo género musical. Depois, com um "-Ouve isto." ou "-O que é isto que tás a passar?" a informação circula. Muitas vezes isso acontece, quando passamos música em dias menos festivos, em que abordamos o set de uma maneira completamente diferente das noites de fim de semana, que têm o propósito claro de fazer o público dançar e divertir-se. Nessas noites calmas exploramos outro tipo de sonoridade, um pouco mais "arriscada", que se reflecte depois numa procura desse "arriscado" em formatos mais direccionados para a pista.
A música é para ser uma aposta de carreira ou apenas um hobby?
João: É uma aposta de carreira que não sai do estatuto de hobby. Chega-se à triste conclusão que quando se insiste em passar e produzir coisas novas, portanto bizarras, o mercado português torna-se implacável. As estruturas existentes (editoras/festivais/crítica), mais do que as pessoas e os DJs que ouvem música, têm muito medo de falar do que ainda não está mapeado. É uma merda.
Tiago: Sempre levei a música numa perspectiva séria, não que isso me prendesse a alguma coisa, muito pelo contrário, algo pelo qual me interessava desde novo e que agora é imprescindível. Para existir carreira é necessário uma base sólida, não que não faça por isso, por outro lado nunca a assumi somente como hobby, actualmente a minha posição situa-se a meio desses dois estados.
Albino: É um vício. Serve para comprar mais música, que é onde acabo sempre por estourar o que ganho a passá-la! Preciso de comprar música e depois tenho que a passar porque fico cheio de pica. Para ganhar dinheiro para comprar mais musica...
Que idade têm os elementos da concorrência?
João: 28
Tiago: 24
Albino: 25
Que tipo de música ouviam vocês durante a adolescência e quais as referências dessa época que ainda guardam?
João: Eu, enquanto adolescente, gostava de coisas muito foleiras e outras menos foleiras. Primitive Reason, Bjork, Gun's N' Roses, Bebel Gilberto, Jimi Hendrix, Nirvana, Pearl Jam, Blur, Lamb, Maria João e Mário Laginha, Ravi Shankar, Joy Division, Beck, Michael Jackson, odiava Prince... Sei lá. A adolescência é um período de 7 ou 8 anos onde estamos a formar preconceitos e a destruí-los logo a seguir... Por isso é que esta lista é o que é.
Tiago: De Tom Jobim a Underworld, a passar por Sade.
Albino: Ui, ui... É um período muito conturbado, mas ouvi coisas que foram desde Ace of Base, Bjork, Incubus, Deftones, Gun´s N´Roses, Metallica, Nirvana, Foo Fighters, Blur, Lamb, Air, Daft Punk, Propellerheads, Underworld, Cake, Radiohead, Beck, Michael Jackson, Jon Bon Jovi, Kruder & Dorfmeister, Primitive Reason, Millencolin, Pennywise, NOFX, No Fun At All, Lagwagon, Offspring, Green day, Smashing pumpkins, Vanessa Mae, Vaya con dios, Coldplay, PJ Harvey, Suede, eels, the Beatles, the Doors, Marilyn Manson, The Prodigy, Skeeza, Glassjaw, Sevendust... vou ficar por aqui antes que me arrependa de alguns nomes ...
Há uma frase no filme 24 Hour Party People que sempre me ficou na memória. Era qualquer coisa como “dantes eles idolatravam quem fazia a música, hoje admiram quem a passa”. Se é certo que um DJ apenas transforma algo pré-concebido, em que ponto ficamos? Quem é mais importante, o autor ou o DJ?
João: Cumprem funções diferentes, são ambos importantes em diferentes contextos. Eu não ouço muitas mix-tapes em casa, como também não gosto de concertos de 4 ou 5 horas.
Albino: Penso que hoje idolatram quem faz quando está a passar. Talvez uma consequência dessa frase que fez com que a máquina por trás da indústria da música assim o exigisse. Parece um requisito, só podes ser bom DJ se tiveres "nome na praça" enquanto produtor e isso irrita-me um bocado. Um bocado grande. Irrita-me muito até. Vejo muitos nomes em cartazes que francamente, como dj´s, acho-os uma grande cagada, no entanto dou-lhes o devido valor enquanto produtores.
Não encaro a coisa como uma luta de importância, existe espaço tanto para os produtores como para os DJ´s. Mas um bom produtor não é necessariamente um bom dj, nem um bom dj é necessariamente um bom produtor. Essa necessidade de construir conjuntos irrita-me um bocado e contribui muito para se valorizar a mediocridade nos dj-sets. Isto porque muitas vezes o "dj estrela" até pode estar a fazer uma porcaria de set mas, se levanta os braços quando está a passar uma musica boa que produziu, o publico delira.
Para vocês, o original nas mãos do DJ, transforma-se num novo original? Ou seja, será que a capacidade de metamorfose que um DJ exerce sobre um tema conduz, ou pode conduzir, a que o mesmo seja considerado uma criação única e, desse ponto de vista, autónoma do tema que lhe deu origem?
João: Sim. Isso pode acontecer.
Tiago: Quando se passa música as possibilidades são imensas, numa postura mais de sample, scratch ou coisa do género, daí saiu algo novo, nem que não seja perceptível à partida, o resultado final pode ser interpretado de diferentes formas, mas isto não implica a existência de um novo original obrigatoriamente. Se tivermos em conta os novos processos de produção por computador (logic, live, etc) e assumirmos uma mesa de mistura e dois technics como uma extensão analógica do software, aí sim pode haver um novo original dependendo do intuito do DJ.
Albino: Depende da abordagem do DJ. No meu caso depende se estou para aí virado. Por vezes tenho sets em que não toco em nada e sabe-me bem estar a ouvir as musicas do principio ao fim, com passagens certinhas ou curtas ou mesmo sem misturar. Outras vezes metade da musica já é demais e tenho é que misturar logo com outra e cortar aqui, dar um efeito ali, deixar-me ir ...
O fenómeno da música de dança está, desde sempre, associado à cena rave e ao uso de drogas. Qual é a vossa posição sobre este assunto?
João: Diz não às drogas. A sério.
Albino: Não às drogas.
O DJ serve só para fazer dançar, ou serve também para algo mais?
João: Serve para divulgar novas músicas e promover antigas. Serve para um dono de uma discoteca ter programação e poder vender cervejas enquanto a malta está a curtir. Serve para teres algum sítio para onde olhar quando já não se dança com par. Serve para comprar discos aos músicos e produtores, serve para passar música ambiente. Serve para algo mais.
Tiago: Sim, gosto de pensar que o dj serve, para além de fazer dançar, o que é óptimo, para mostrar, reflectir sobre a música, não só de dança, de um panorama em geral, ter uma opinião é importante e aqui não é excepção.
Albino: Se for uma quarta feira normal no Passos Manuel, para fazer dançar não serve de certeza! No entanto é quando ás vezes se ouve "melhor" música.
Qual o último álbum que compraram?
João: Albúm... X-Wife
Tiago: Harmonic 313
Albino: O último album que comprei - J DILLA aka JAY DEE - Donuts
O último album que chegou a mim (foi uma prenda) - WIRE - Pink Flag
Qual o álbum da vossa vida?
João: Não sei.
Tiago: Também não.
Albino: Ainda não o ouvi.
Um músico, banda ou projecto musical pelo qual tenham um visceral e marcado desprezo?
João: Assim de repente parece-me que nenhum me dá esse sentimento.
Tiago: Existe sempre a necessidade de haver coisas menos boas para marcar contraste.
Albino: Há coisas que gosto mais, outras menos e umas que não gosto de todo, mas não desprezo nenhum projecto.
Próxima festa: 20 de Junho - Plano B - Porto
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A Concorrência é um colectivo de DJs, sendo que alguns membros também são designers e produtores de música electrónica. É um projecto constituído por cinco elementos: Albino, João, Teo, Tiago e Pedro, que teve o seu início em 2001, fruto de uma colaboração entre amigos e colegas de faculdade. Actua principalmente no Porto: Passos Manuel, Maus Hábitos, Plano B...
Entrevista a três deles: João, Albino e Tiago.
Este é um projecto de DJ’s que é constituído também por alguns produtores de música. Para vocês um DJ é, também ele, um músico?
João: Se existem termos distintos para situações diferentes é para que não confundamos as coisas. Um DJ pode ser "mais músico" ou "menos músico", por assim dizer, usando instrumentos musicais, microfone, caixas de ritmos, criando e aprendendo técnicas de manipulação do som. Assim como pode ser mais ou menos circense. Um resposta completa a esta pergunta não pode deixar de abordar a questão da interpretação e reconstruçção de músicas mas isso é tema para um ensaio/tese.
Albino: Como disse o João são dois termos distintos. Um DJ é uma coisa e um produtor é outra. A meu ver, por mais que um DJ se mexa, pule ou manipule o som, se ele encarar o seu acto como um DJ-set, é um DJ. Por mais ou menos activo que seja. Depende da postura que assume, o que não invalida que um DJ não possa também ser produtor. Cabe à pessoa decidir como se apresenta quando vai tocar.
Porquê o nome Concorrência?
João: Em 2001 eu vivia com a Silvina Couto e queríamos, como jovens estudantes de design, sonhávamos em ter um estúdio. Soubemos que já havia um na nossa rua e resolvemo-nos chamar Concorrência Design. No início a Concorrência era isso: um nome, umas folhas A4 com uns estudos para logótipo e duas secretárias com equipamento básico. Em 2003, quando o Perdo chegou ao Porto a coisa mudou. Muita coisa aconteceu, há cerca de um ano abrimos o projecto e entraram três grandes amigos.
Quais as referências do vosso projecto, em termos musicais?
João: Mudam regularmente. Influenciamo-nos uns aos outros. Temos essa preocupação... é normal juntarmo-nos nas vésperas dos DJ sets mais publicitados para fazermos audições das coisas uns dos outros.
Tiago: Penso que o projecto vive da influência mútua, todos nós temos as nossas referências, as quais discutimos e partilhamos. Todos nós ouvimos cada vez mais coisas, procuramos ouvir mais, e podemos ouvir quer música clássica, quer electrónica mais profunda e abstracta. A grande vantagem é que nada disto é estático, tudo em potência.
Albino: As nossas referências acabam por ser o que andamos a ouvir no momento. Todos nós investigamos, uns mais por um caminho outros por outro e ás vezes no mesmo. Penso que há um senso comum a nível de gosto que faz com que nos entendamos mesmo quando não estamos inteiramente no mesmo género musical. Depois, com um "-Ouve isto." ou "-O que é isto que tás a passar?" a informação circula. Muitas vezes isso acontece, quando passamos música em dias menos festivos, em que abordamos o set de uma maneira completamente diferente das noites de fim de semana, que têm o propósito claro de fazer o público dançar e divertir-se. Nessas noites calmas exploramos outro tipo de sonoridade, um pouco mais "arriscada", que se reflecte depois numa procura desse "arriscado" em formatos mais direccionados para a pista.
A música é para ser uma aposta de carreira ou apenas um hobby?
João: É uma aposta de carreira que não sai do estatuto de hobby. Chega-se à triste conclusão que quando se insiste em passar e produzir coisas novas, portanto bizarras, o mercado português torna-se implacável. As estruturas existentes (editoras/festivais/crítica), mais do que as pessoas e os DJs que ouvem música, têm muito medo de falar do que ainda não está mapeado. É uma merda.
Tiago: Sempre levei a música numa perspectiva séria, não que isso me prendesse a alguma coisa, muito pelo contrário, algo pelo qual me interessava desde novo e que agora é imprescindível. Para existir carreira é necessário uma base sólida, não que não faça por isso, por outro lado nunca a assumi somente como hobby, actualmente a minha posição situa-se a meio desses dois estados.
Albino: É um vício. Serve para comprar mais música, que é onde acabo sempre por estourar o que ganho a passá-la! Preciso de comprar música e depois tenho que a passar porque fico cheio de pica. Para ganhar dinheiro para comprar mais musica...
Que idade têm os elementos da concorrência?
João: 28
Tiago: 24
Albino: 25
Que tipo de música ouviam vocês durante a adolescência e quais as referências dessa época que ainda guardam?
João: Eu, enquanto adolescente, gostava de coisas muito foleiras e outras menos foleiras. Primitive Reason, Bjork, Gun's N' Roses, Bebel Gilberto, Jimi Hendrix, Nirvana, Pearl Jam, Blur, Lamb, Maria João e Mário Laginha, Ravi Shankar, Joy Division, Beck, Michael Jackson, odiava Prince... Sei lá. A adolescência é um período de 7 ou 8 anos onde estamos a formar preconceitos e a destruí-los logo a seguir... Por isso é que esta lista é o que é.
Tiago: De Tom Jobim a Underworld, a passar por Sade.
Albino: Ui, ui... É um período muito conturbado, mas ouvi coisas que foram desde Ace of Base, Bjork, Incubus, Deftones, Gun´s N´Roses, Metallica, Nirvana, Foo Fighters, Blur, Lamb, Air, Daft Punk, Propellerheads, Underworld, Cake, Radiohead, Beck, Michael Jackson, Jon Bon Jovi, Kruder & Dorfmeister, Primitive Reason, Millencolin, Pennywise, NOFX, No Fun At All, Lagwagon, Offspring, Green day, Smashing pumpkins, Vanessa Mae, Vaya con dios, Coldplay, PJ Harvey, Suede, eels, the Beatles, the Doors, Marilyn Manson, The Prodigy, Skeeza, Glassjaw, Sevendust... vou ficar por aqui antes que me arrependa de alguns nomes ...
Há uma frase no filme 24 Hour Party People que sempre me ficou na memória. Era qualquer coisa como “dantes eles idolatravam quem fazia a música, hoje admiram quem a passa”. Se é certo que um DJ apenas transforma algo pré-concebido, em que ponto ficamos? Quem é mais importante, o autor ou o DJ?
João: Cumprem funções diferentes, são ambos importantes em diferentes contextos. Eu não ouço muitas mix-tapes em casa, como também não gosto de concertos de 4 ou 5 horas.
Albino: Penso que hoje idolatram quem faz quando está a passar. Talvez uma consequência dessa frase que fez com que a máquina por trás da indústria da música assim o exigisse. Parece um requisito, só podes ser bom DJ se tiveres "nome na praça" enquanto produtor e isso irrita-me um bocado. Um bocado grande. Irrita-me muito até. Vejo muitos nomes em cartazes que francamente, como dj´s, acho-os uma grande cagada, no entanto dou-lhes o devido valor enquanto produtores.
Não encaro a coisa como uma luta de importância, existe espaço tanto para os produtores como para os DJ´s. Mas um bom produtor não é necessariamente um bom dj, nem um bom dj é necessariamente um bom produtor. Essa necessidade de construir conjuntos irrita-me um bocado e contribui muito para se valorizar a mediocridade nos dj-sets. Isto porque muitas vezes o "dj estrela" até pode estar a fazer uma porcaria de set mas, se levanta os braços quando está a passar uma musica boa que produziu, o publico delira.
Para vocês, o original nas mãos do DJ, transforma-se num novo original? Ou seja, será que a capacidade de metamorfose que um DJ exerce sobre um tema conduz, ou pode conduzir, a que o mesmo seja considerado uma criação única e, desse ponto de vista, autónoma do tema que lhe deu origem?
João: Sim. Isso pode acontecer.
Tiago: Quando se passa música as possibilidades são imensas, numa postura mais de sample, scratch ou coisa do género, daí saiu algo novo, nem que não seja perceptível à partida, o resultado final pode ser interpretado de diferentes formas, mas isto não implica a existência de um novo original obrigatoriamente. Se tivermos em conta os novos processos de produção por computador (logic, live, etc) e assumirmos uma mesa de mistura e dois technics como uma extensão analógica do software, aí sim pode haver um novo original dependendo do intuito do DJ.
Albino: Depende da abordagem do DJ. No meu caso depende se estou para aí virado. Por vezes tenho sets em que não toco em nada e sabe-me bem estar a ouvir as musicas do principio ao fim, com passagens certinhas ou curtas ou mesmo sem misturar. Outras vezes metade da musica já é demais e tenho é que misturar logo com outra e cortar aqui, dar um efeito ali, deixar-me ir ...
O fenómeno da música de dança está, desde sempre, associado à cena rave e ao uso de drogas. Qual é a vossa posição sobre este assunto?
João: Diz não às drogas. A sério.
Albino: Não às drogas.
O DJ serve só para fazer dançar, ou serve também para algo mais?
João: Serve para divulgar novas músicas e promover antigas. Serve para um dono de uma discoteca ter programação e poder vender cervejas enquanto a malta está a curtir. Serve para teres algum sítio para onde olhar quando já não se dança com par. Serve para comprar discos aos músicos e produtores, serve para passar música ambiente. Serve para algo mais.
Tiago: Sim, gosto de pensar que o dj serve, para além de fazer dançar, o que é óptimo, para mostrar, reflectir sobre a música, não só de dança, de um panorama em geral, ter uma opinião é importante e aqui não é excepção.
Albino: Se for uma quarta feira normal no Passos Manuel, para fazer dançar não serve de certeza! No entanto é quando ás vezes se ouve "melhor" música.
Qual o último álbum que compraram?
João: Albúm... X-Wife
Tiago: Harmonic 313
Albino: O último album que comprei - J DILLA aka JAY DEE - Donuts
O último album que chegou a mim (foi uma prenda) - WIRE - Pink Flag
Qual o álbum da vossa vida?
João: Não sei.
Tiago: Também não.
Albino: Ainda não o ouvi.
Um músico, banda ou projecto musical pelo qual tenham um visceral e marcado desprezo?
João: Assim de repente parece-me que nenhum me dá esse sentimento.
Tiago: Existe sempre a necessidade de haver coisas menos boas para marcar contraste.
Albino: Há coisas que gosto mais, outras menos e umas que não gosto de todo, mas não desprezo nenhum projecto.
Próxima festa: 20 de Junho - Plano B - Porto