Concorrência: Entre o design e o vinil
20-04-2009 | Entrevista à A23
GENTE DE CÁ
Chamam-se Pedro Santos e João Marrucho, são DJs e ambos fazem parte do colectivo “Concorrência”. “Passam a música mas já foram um projecto de atelier de design”. É assim, em poucas palavras, que definem o que fazem, nos mais famosos clubes de dança de Portugal, quer em Lisboa, quer no Porto, onde residem. Em entrevista à A23, os dois DJs fundanenses contam as horas que passam a pesquisar sobre novos ritmos e falam sobre a carreira, as pistas de dança e, claro, sobre música electrónica. Texto Ricardo Paulouro Fotografias Sofia Mouga
A23:Como é que surgiu o fascínio de ser DJ?
Próxima festa: 16 de Maio 2009 no Plano B
GENTE DE CÁ
Chamam-se Pedro Santos e João Marrucho, são DJs e ambos fazem parte do colectivo “Concorrência”. “Passam a música mas já foram um projecto de atelier de design”. É assim, em poucas palavras, que definem o que fazem, nos mais famosos clubes de dança de Portugal, quer em Lisboa, quer no Porto, onde residem. Em entrevista à A23, os dois DJs fundanenses contam as horas que passam a pesquisar sobre novos ritmos e falam sobre a carreira, as pistas de dança e, claro, sobre música electrónica. Texto Ricardo Paulouro Fotografias Sofia Mouga
A23:Como é que surgiu o fascínio de ser DJ?
Pedro Santos – Nós começámos mais ao menos ao mesmo tempo e acabámos por nos influenciar um ao outro. O fascínio começou no Fundão, perto do final dos anos 90. Na altura ouvíamos músicas que muitos dos nossos amigos não ouviam. Esses primeiros momentos de descoberta foram entusiasmantes porque as sonoridades eram completamente novas. O João, na altura, começou a fazer música electrónica e eu dediquei-me mais a passar música e comprar CDs. Depois quando fui para Lisboa é que realmente entrei no meio. Mas acima de tudo foi a descoberta da nova música electrónica que se revelou algo de muito novo para mim.
João Marrucho – Como qualquer adolescente, eu gostava de música. Disse o Pedro e muito bem, ele começou mais a assumir-se como DJ e eu enquanto produtor. Mesmo assim, já no Fundão eu ia tendo a oportunidade de passar para trás das cabine do Impacto Bar e mais tarde no Sopas. O encantamento deu-se, sobretudo, pela percepção que já tinha da música como meio de comunicação, um meio definidor do teu estado de espírito, das tuas atitudes.
A23: Como é que surgiu vosso projecto “Concorrência” ?
João Marrucho – “Concorrência” era um projecto que visava ser um atelier de design de comunicação, meu e da Silvina Couto. Havia um atelier de design, na nossa rua, no Porto, e nós decidimos fazer um atelier que se iria chamar “Concorrência”. Foi assim que a ideia nasceu. Mais tarde, quando o Pedro chega ao Porto em 2003, eu produzia música e ele trazia já uma mala profissional de DJ. Foi então que resolvemos assumir mais a música e utilizar os DJ sets para também fazermos design seguindo as intenções iniciais do projecto. Esse lado de amor ao design gráfico nunca desapareceu. Entretanto a Silvina percebeu que não era bem na Concorrência que se iria realizar.
A23: Actualmente, a “Concorrência” é um colectivo?
João Marrucho - Sim. Em 2007, resolvemos abrir o projecto e entram três grandes amigos: o Albino, o Tiago e o Teo. Somos cinco DJs, três produtores de música e quatro designers, sendo que alguns desempenham as três funções...
A23: Como é o processo de pesquisa de um DJ?
Pedro Santos –Eu passo dias a ouvir música. Chego a casa e passo todos os dias várias horas na Internet a pesquisar novas sonoridades, a ouvir discos que saíram. Este trabalho de pesquisa é fundamental para um DJ, eu estou sempre à procura de coisas novas e de discos antigos que goste.
A23: Falas sistematicamente em discos. Nos teu sets não passas CD ou MP3?
Pedro Santos –Eu só passo música em formato de vinil, mas a maior parte dos DJ passa esses novos formatos. Eu, pessoalmente, gosto do vinil.
A23: Como é que se faz a selecção de discos para uma noite - a escolha das música já está pré-definida ou é o ambiente que vocês encontram que motiva a escolha?
Pedro Santos –Eu já levo os discos todos escolhidos de casa, só que os discos que levo são todos muito diferentes uns dos outros. Tenho discos para o início da noite, mais calmos, e, ao longo da noite, vou sempre aumentando os “BPM’s” (beats per minute/batidas por minuto).
A23: Como é que lidam os DJs com os discos pedidos?
João Marrucho – Eu lido menos bem... Não é isso que eu considero uma boa comunicação entre o DJ e a pista. Eu acho importante saber reagir ao público que está à nossa frente. Mas não acho que se deva interromper o trabalho do DJ. Porque parecendo que não, há imensos factores a ter em conta numa pista que requerem concentração. Há que estar atento e vigilante. Nos clubes parte do princípio que o DJ é o emissor. A pista vai-se modificando ao longo da noite, ou dança, ou esvazia... O DJ deve saber agir. É um formato limitado, mas é daí que vem toda a sua graça.
Pedro Santos –Eu sou um pouco arrogante a passar música. Só passo aquilo que eu gosto mesmo, embora, às vezes, um tema ou outro, possa ser um pouco mais difícil, mas tenho essa necessidade de passar a música que eu gosto.
A23: Quais são as vossas influências?
Pedro Santos –As melhores editoras estão em Inglaterra, como é o caso da “Warp”, uma editora completamente independente da qual nós gostamos muito e é uma das nossas influências. As minhas influências estão, sobretudo, em Inglaterra.
João Marrucho –Não vou citar editoras mas vou dizer que há capitais europeias, Londres, Paris, Berlim, que influenciam o modo como passamos música. Eu arrisco a colocar o Porto e Nova Iorque no meio disto.
A23: Consideras que o Porto reúne condições para que projectos como o vosso se desenvolvam?
João Marrucho –Eu acho que sim. Porque caso contrário o nosso projecto não se tinha desenvolvido. Acho que o Porto tem excelentes clubes, as pessoas estão dispostas a sair à noite, a divertirem-se enquanto ouvem coisas novas.
A23: Projectos a curto prazo para os “Concorrência” ?
Pedro Santos –Desenvolver o projecto cada vez mais e melhor e, quem sabe, editar o trabalho do João e do Tiago em Vinil. Sobretudo, temos de continuar a ter a nossa identidade.
A23: Enquanto dois dos DJ dos Concorrência, como é que vocês se definem enquanto DJs?
João Marrucho –Eu sou o mais magro.
Pedro Santos –Eu sigo o meu instinto, as coisas vêm ter comigo. Normalmente, também gosto de música que ninguém gosta. Eu estou sempre a tentar passar música que os outros não passam, tentar sempre ser diferente.
João Marrucho – Como qualquer adolescente, eu gostava de música. Disse o Pedro e muito bem, ele começou mais a assumir-se como DJ e eu enquanto produtor. Mesmo assim, já no Fundão eu ia tendo a oportunidade de passar para trás das cabine do Impacto Bar e mais tarde no Sopas. O encantamento deu-se, sobretudo, pela percepção que já tinha da música como meio de comunicação, um meio definidor do teu estado de espírito, das tuas atitudes.
A23: Como é que surgiu vosso projecto “Concorrência” ?
João Marrucho – “Concorrência” era um projecto que visava ser um atelier de design de comunicação, meu e da Silvina Couto. Havia um atelier de design, na nossa rua, no Porto, e nós decidimos fazer um atelier que se iria chamar “Concorrência”. Foi assim que a ideia nasceu. Mais tarde, quando o Pedro chega ao Porto em 2003, eu produzia música e ele trazia já uma mala profissional de DJ. Foi então que resolvemos assumir mais a música e utilizar os DJ sets para também fazermos design seguindo as intenções iniciais do projecto. Esse lado de amor ao design gráfico nunca desapareceu. Entretanto a Silvina percebeu que não era bem na Concorrência que se iria realizar.
A23: Actualmente, a “Concorrência” é um colectivo?
João Marrucho - Sim. Em 2007, resolvemos abrir o projecto e entram três grandes amigos: o Albino, o Tiago e o Teo. Somos cinco DJs, três produtores de música e quatro designers, sendo que alguns desempenham as três funções...
A23: Como é o processo de pesquisa de um DJ?
Pedro Santos –Eu passo dias a ouvir música. Chego a casa e passo todos os dias várias horas na Internet a pesquisar novas sonoridades, a ouvir discos que saíram. Este trabalho de pesquisa é fundamental para um DJ, eu estou sempre à procura de coisas novas e de discos antigos que goste.
A23: Falas sistematicamente em discos. Nos teu sets não passas CD ou MP3?
Pedro Santos –Eu só passo música em formato de vinil, mas a maior parte dos DJ passa esses novos formatos. Eu, pessoalmente, gosto do vinil.
A23: Como é que se faz a selecção de discos para uma noite - a escolha das música já está pré-definida ou é o ambiente que vocês encontram que motiva a escolha?
Pedro Santos –Eu já levo os discos todos escolhidos de casa, só que os discos que levo são todos muito diferentes uns dos outros. Tenho discos para o início da noite, mais calmos, e, ao longo da noite, vou sempre aumentando os “BPM’s” (beats per minute/batidas por minuto).
A23: Como é que lidam os DJs com os discos pedidos?
João Marrucho – Eu lido menos bem... Não é isso que eu considero uma boa comunicação entre o DJ e a pista. Eu acho importante saber reagir ao público que está à nossa frente. Mas não acho que se deva interromper o trabalho do DJ. Porque parecendo que não, há imensos factores a ter em conta numa pista que requerem concentração. Há que estar atento e vigilante. Nos clubes parte do princípio que o DJ é o emissor. A pista vai-se modificando ao longo da noite, ou dança, ou esvazia... O DJ deve saber agir. É um formato limitado, mas é daí que vem toda a sua graça.
Pedro Santos –Eu sou um pouco arrogante a passar música. Só passo aquilo que eu gosto mesmo, embora, às vezes, um tema ou outro, possa ser um pouco mais difícil, mas tenho essa necessidade de passar a música que eu gosto.
A23: Quais são as vossas influências?
Pedro Santos –As melhores editoras estão em Inglaterra, como é o caso da “Warp”, uma editora completamente independente da qual nós gostamos muito e é uma das nossas influências. As minhas influências estão, sobretudo, em Inglaterra.
João Marrucho –Não vou citar editoras mas vou dizer que há capitais europeias, Londres, Paris, Berlim, que influenciam o modo como passamos música. Eu arrisco a colocar o Porto e Nova Iorque no meio disto.
A23: Consideras que o Porto reúne condições para que projectos como o vosso se desenvolvam?
João Marrucho –Eu acho que sim. Porque caso contrário o nosso projecto não se tinha desenvolvido. Acho que o Porto tem excelentes clubes, as pessoas estão dispostas a sair à noite, a divertirem-se enquanto ouvem coisas novas.
A23: Projectos a curto prazo para os “Concorrência” ?
Pedro Santos –Desenvolver o projecto cada vez mais e melhor e, quem sabe, editar o trabalho do João e do Tiago em Vinil. Sobretudo, temos de continuar a ter a nossa identidade.
A23: Enquanto dois dos DJ dos Concorrência, como é que vocês se definem enquanto DJs?
João Marrucho –Eu sou o mais magro.
Pedro Santos –Eu sigo o meu instinto, as coisas vêm ter comigo. Normalmente, também gosto de música que ninguém gosta. Eu estou sempre a tentar passar música que os outros não passam, tentar sempre ser diferente.
Próxima festa: 16 de Maio 2009 no Plano B