A Linha B, A Metro, o sistema e o desenho.

A sinalética da Metro do Porto não é fraca. A sinalética da MP tem muitas fraquezas.
A Metro com o passar dos anos, talvez por vaidade, tem publicitado mais a sua imagem (a imagem dos seus responsáveis?) do que tem investido em resolver os problemas inerentes à comunicação do seu sistema que, saibamos dizê-lo, está longe de perfeito. Vale a pena realçar que não se trata de um problema de design gráfico mas sim de gestão do design de comunicação, e mais grave ainda de sistematização do processo de utilização do metro.

O sistema de zonas é muito complexo. Em Portugal não conheço um caso em que tenham chamado um designer para ajudar a resolver um problema deste género. É um sistema de circulação aberto mas que ao mesmo tempo traduz o que se passa em termos administrativos nos transportes do Porto. Senão vejamos... As zonas que as linhas atravessam foram definidas para dividir justamente o dinheiro proveniente da venda dos títulos. Esta divisão foi feita sem ter em conta o modo como se comunica isso ao utente. Consequentemente a validação cada vez que se muda de linha torna-se obrigatória para ajudar a contabilizar.
As coisas tornam-se ainda mais insólitas quando se examina este sistema e notamos que até existem alguns conflitos de critérios. Ás vezes paga-se mais para viajar menos. Quando os conteúdos estão tortos o designer de comunicação não faz melhor porque não o convocam para redesenhar os conteúdos. Quem não sabe destes problemas, critica – justamente – o que está mal, independentemente de quem fez ou tem a responsabilidade.

A sinalética da Metro do Porto foi originalmente desenhada como uma linguagem interpretável. Ou seja: havendo o mínimo de interesse ou necessidade, entende-se. Mais ainda, se as regras forem respeitadas em todos os objectos que manuseamos relativos ao metro, revertem para uma consolidação da imagem, sendo que se continua a ensinar a si própria e a poder desenvolver-se. Esta linguagem tem definidos vocábulos e modos de articulação entre eles e a maior parte das pessoas que a usa correntemente aprende a interpretar os significados. Eu diria que os princípios são, em geral, óbvios. Tratá-los como a Brandia o fez é que não ajuda. O problema é que os gestores das empresas julgam que estão a gerir um um clube de futebol onde têm de ter vários jogadores para diferentes posições. Em design de comunicação, quando um cliente pretende afirmar uma posição, ter vários designers com atitudes diferentes não ajuda. Como aconteceu na Casa da Música no início...

No campo da comunicação (uma espécia de comunhão distanciada), sabemos que sem haver o mínimo de respeito próprio e estabilidade não conseguimos comunicar com a certeza necessária a personalidade.
E a Metro do Porto está a brincar com isto como se fosse um supermercado.
A sinalética da Metro foi desenhada pela Sino Design, a distribuição da informação pelas estações foi planeada pela Normetro, o nome das estações em aço, nas paragens, foi colocado pelo Souto Moura (acima da área visível do interior da carruagem!), o andante foi por outro artista feito, o Mapa de Transportes Intermodais na Garra se criou, esta campanha dos expressos na Brandia, e o resultado está à vista.

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Na verdade, o designer, é chamado a intervir para desenhar os bonecos, porque os engenheiros não sabem desenhar bonecos. Mesmo quando participa num trabalho de equipa, ele é reduzido a esse rabo de trabalho, porque tudo o resto ou está decidido ou tem razões insondáveis. Não obstante, somos tão culpados como qualquer outro, porque, como colectivo, também não temos mostrado iniciativa para muito mais. Isto sim, é também um problema de fundo que não vai lá tão depressa.

Esta é daquelas situações em que o dinheiros dos clientes dos utentes está a ser usado contra eles e as tarifas assim não vão descer, as máquinas de venda vão continuar avariadas. Os invisuais ainda não têm a mesma acessibilidade que nós.
Felizmente, sabemos que a Linha B parece outra. Lá nisso, foram honestos.

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