"Citar um autor nacional, um contemporâneo, um amigo ou inimigo, é, entre nós uma raridade ou uma excentricidade como usar capote alentejano. A referência nobre é a estrangeira por mais banal que seja, e quem se poderá considerar ausente de um reflexo que é, por assim dizer, nacional? Vivemos todos como se não concedessem o crédito– um crédito vivificante e não a simples utilização partidária que fazemos dos outros– à produção cultural portuguesa, como se não concedemos à moeda em época em tempo de crise. Vivemo-nos sob o modo de um desenraizamento histórico singular que só na aparência é negado pela exaltação sentimental com que nos vivemos enquanto portugueses."
Eduardo Lourenço, 1978
Eduardo Lourenço, 1978