Brinkmann, Gogi e Thomas B. Amoureuse...

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Lembro-me de uma crítica não muito abonatória a um album (Parts Water) de Safety Scissors que li no Y há para aí dois anos. Duas das palavras utilizadas para adjectivar a música foram (salvo o erro): abstracta e desajeitada.
Abstracto, na arte, diz-se da manifestação de conteúdo e forma alheios a qualquer representação figurativa. Opõe-se então a qualquer relação a formas identificáveis na natureza. Desajeitado quer dizer inábil, atrapalhado, sem jeito algum.
Na música, figura pode significar a forma das notações musicais e, por isso, não quero perder tempo a tentar provar que, apesar das sempre amusivas tentivas de associação do som à imagem, o som não tem forma nem cheiro e que, portanto, uma associação sinestésica (por mais aleatória que seja) é sempre possível e sempre correcta. (Estou a preparar um texto só dedicado a estas brincadeiras).
A música de Safety Scissors não é desajeitada quando comparada com o Brinkmann de ontem à noite. Se só existissem os dois, Safety Scissors oferecia um luxo de apuro compositivo.
Gogi (Post Industrial Boys) carregou play, ouviram-se as músicas de Post Industrial Boys, às quais ele acrescentou a sua voz (karaoke com um vaso de malmequeres na mesa do intérprete). Não se mexeu, estava ali a cortar carne, a colar selos em envelopes, a carimbar embalagens, a aparafusar jantes, enfim, um pose digna de um "profissional" sério. Saí antes do fim... TBA, entrei no auditório na penúltima música. Acho que foram as cantigas do Sinatra num sábado às 2 da manhã que me azedaram o resto da noite. Ou então aquelas pianadas que o computador da TBA mandou pouco depois do Sinatra. Um horror de eruditismo e classe...
Thomas Brinkmann não acertou uma única tarola lá no Traktor ou no programa de DJ que ele estava a utilizar, o que me faz depreender que foi tudo egendrado para fazer a melhor noite de música mais irritante no Passos Manuel. Espero bem que percam os instrumentos todos quando voltarem para as terras deles...

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