Pensar superficialmente uma parte da Música de Dança.
Dois princípios tautológicos:
O termo aparece aqui referenciando a música composta propositadamente para "pistas" de clubes, danceterias, para raves, festivais de electrónica e afins.
As aspas e os itálicos não serão utilizados em palavras de outras línguas pois quase todo o vocabulário relacionado com o tema é de origem americana. Tentarei algumas traduções.
Há 20 anos atrás a House Music foi criada dentro de um contexto específico nos Estados Unidos. Marshall Jefferson e Mr. Fingers foram dois dos poucos que construiram a melhor sofisticação possível (com os meios electrónicos da altura) do Disco, Dub, e do Funk... Como a House em Chicago, surgiram outros movimentos em diferentes pontos do globo: O Synthpop de New Order, Human League, Pet Shop Boys, Eurythmics (cujos revivalismos arrancaram para longe há bem pouco tempo); O Garage de New York que desembarcou em cidades daquelas ilhas chamadas UK numa forma mais partida 2 Step-Garage. O Techno em Detroit, que dizem que vem da apropriação dos sons das fábricas de carros da cidade e foi parar a Colónia que se encarregou de lhe dar uma identidade mais sóbria. Italo, Ragga, Hip-Hop, Trance, Jungle... Todos estes movimentos, não só se insurgiram contra a club-culture dos anos 80 como, como abriram o leque de opções à dos 90 e dos 00's. Na altura eu tinha 3 anos e não dei por nada. Hoje, em qualquer pista manhosa, é possível detectar tiques, estratégias, samples, e fardas do bailarino popular dos anos 80. O Acid-House, por exemplo, entrou outra vez nas playlists dos DJs, quer em emulações do tratamento de ressonâncias e frequências feitas por Jesper Dahlback, quer em originais de Phuture. O que eu acho estranho, é que no Porto é possível pôr as pessoas a dançar os ritmos da TR808 mal masterizados e bem envelhecidos pelo vinyl, mas é quase impensável fazer com que se mexam a ouvir um Roland Alpha Juno. Por outras palavras: Acid é altamente e o Vargas até passa isso, mas tudo o que seja Euro é foleiro e vou pedir um copo à discoteca do lado.
Este fenómeno tem as suas causas baseadas nos preconceitos mais teen. O que se passa, penso eu, é que a maioria das pessoas que frequentam espaços de onde se dança em público, com o público, nasceram há menos de 35 anos. Provavelmente, muitos (como eu) nem souberam que o Acid estava acontecer quando ele verdadeiramente estava a acontecer. Ouviram falar nele e até podem tê-lo ouvido, mas não o viveram. Assim o Back to the Phuture até parece vindo do nada. Novíssimo em folha, suficientemente entusisamante e neutro para dançar. Não enjoam em 3 meses porque em casa ouvem The Smiths, IDM, ou as coisas da AntiCon. Mas quando ouvem falar em Euro-Dance, Euro-Pop, Italo-Disco, Euro-Trance "sobe-se-lhes" um arrepio pela espinha, retraiem o ânus e lembram-se de expressões pejorativas mas nem por isso menos verdadeiras como, música de carrinhos de choque, martelinhos, techno-pimba, o mesmo o seu primeiro beijo. Não é o meu caso. Este menosprezar daquilo que é nosso, é comum e já conto com ele. Mas por favor não me critiquem se me ouvirem tocar sons que parecem aviões supersónicos, nem me gabem por imitar os TB303 por que eu mando-vos logo ler este texto.
Jack da Euro-House!
O termo aparece aqui referenciando a música composta propositadamente para "pistas" de clubes, danceterias, para raves, festivais de electrónica e afins.
As aspas e os itálicos não serão utilizados em palavras de outras línguas pois quase todo o vocabulário relacionado com o tema é de origem americana. Tentarei algumas traduções.
Há 20 anos atrás a House Music foi criada dentro de um contexto específico nos Estados Unidos. Marshall Jefferson e Mr. Fingers foram dois dos poucos que construiram a melhor sofisticação possível (com os meios electrónicos da altura) do Disco, Dub, e do Funk... Como a House em Chicago, surgiram outros movimentos em diferentes pontos do globo: O Synthpop de New Order, Human League, Pet Shop Boys, Eurythmics (cujos revivalismos arrancaram para longe há bem pouco tempo); O Garage de New York que desembarcou em cidades daquelas ilhas chamadas UK numa forma mais partida 2 Step-Garage. O Techno em Detroit, que dizem que vem da apropriação dos sons das fábricas de carros da cidade e foi parar a Colónia que se encarregou de lhe dar uma identidade mais sóbria. Italo, Ragga, Hip-Hop, Trance, Jungle... Todos estes movimentos, não só se insurgiram contra a club-culture dos anos 80 como, como abriram o leque de opções à dos 90 e dos 00's. Na altura eu tinha 3 anos e não dei por nada. Hoje, em qualquer pista manhosa, é possível detectar tiques, estratégias, samples, e fardas do bailarino popular dos anos 80. O Acid-House, por exemplo, entrou outra vez nas playlists dos DJs, quer em emulações do tratamento de ressonâncias e frequências feitas por Jesper Dahlback, quer em originais de Phuture. O que eu acho estranho, é que no Porto é possível pôr as pessoas a dançar os ritmos da TR808 mal masterizados e bem envelhecidos pelo vinyl, mas é quase impensável fazer com que se mexam a ouvir um Roland Alpha Juno. Por outras palavras: Acid é altamente e o Vargas até passa isso, mas tudo o que seja Euro é foleiro e vou pedir um copo à discoteca do lado.
Este fenómeno tem as suas causas baseadas nos preconceitos mais teen. O que se passa, penso eu, é que a maioria das pessoas que frequentam espaços de onde se dança em público, com o público, nasceram há menos de 35 anos. Provavelmente, muitos (como eu) nem souberam que o Acid estava acontecer quando ele verdadeiramente estava a acontecer. Ouviram falar nele e até podem tê-lo ouvido, mas não o viveram. Assim o Back to the Phuture até parece vindo do nada. Novíssimo em folha, suficientemente entusisamante e neutro para dançar. Não enjoam em 3 meses porque em casa ouvem The Smiths, IDM, ou as coisas da AntiCon. Mas quando ouvem falar em Euro-Dance, Euro-Pop, Italo-Disco, Euro-Trance "sobe-se-lhes" um arrepio pela espinha, retraiem o ânus e lembram-se de expressões pejorativas mas nem por isso menos verdadeiras como, música de carrinhos de choque, martelinhos, techno-pimba, o mesmo o seu primeiro beijo. Não é o meu caso. Este menosprezar daquilo que é nosso, é comum e já conto com ele. Mas por favor não me critiquem se me ouvirem tocar sons que parecem aviões supersónicos, nem me gabem por imitar os TB303 por que eu mando-vos logo ler este texto.
Jack da Euro-House!