Manifesto Ana fase Tigre!
MANIFESTO-ME contra os que não sentem isto:
Em Portugal temos tudo o que eles têm na Alemanha ou na Áustria ou nos Estados Unidos... E ainda nos temos. Temos pessoas dedicadas, talentosas, meninos certinhos, génios habitantes do underground, droga, temos melhor futebol, o mesmo software, temos computadores, livros em muitas línguas, também carregamos o peso da mão de obra barata e dos empresários corruptos. Mas temos mais sol que dá outra luz às câmaras amadoras. Somos mais relaxados. Também possuimos casas e caixas de ovos. Temos esferovite e fita-cola de dupla face. Temos bons estúdios para os mais exigentes que se alugam aos mais providos. Perfumes, T-Shirts, calças de ganga rasgadas, spray vermelho para pintar cães, a Media-Factory, Espanha aqui ao lado, distribuidoras, putos rasos, velhos do restelo, técnicos especializados, iliteracia e dislexia, catálogos alemães com material barato, baterias eléctronicas e adufes, discotecas, danceterias, salas de espectáculos que servem de modelo à nossa vida social, teatro, cinema, escolas, a necessidade de banalizar tudo o que nos rodeia. Somos donos da pior auto-estima e preferimos sempre importar muito.
Meus amigos (no irónico sentido da palavra) Fodei-vos porque a partir de agora e até mais ver só toco no Porto por muito e/ou se me apetecer muito, com direito a bebidas e guest-list à minha medida (e ainda nem sequer tenho um álbum editado). Continuai nas Gigis, nos Suplys, no Passos Manuel, nos Maus Hábitos, no Contagiarte, no Bazaar, no 31, no Hard Club a ouvir DJs. Força na queixa da falta de hipóteses que eu não vos as apresentarei (e sei-as). Dai com energia na coca para chegarem a esta auto-estima natural do Fundão, dançai de felicidade. Entrai na boa onda e criticai entre risos descontraídos as tomadas de posição. Façam a festa com menos um músico português. Acordem e ponham sempre a tocar um disco importado e subscrevam as actuais políticas de gestão cultural.
Choro a humildade dos músicos a sério. Perdoem-me mas eu não vivo disto e posso dar-me ao luxo de me estar nas tintas.
Ouvir dizer às pessoas mais próximas da produção de música em Portugal que isto não vai a lado nenhum acontece-me dia-sim, dia-não. Antes concordava. Agora, ainda mantenho razões de queixa começando pelas "arriscadíssimas" reinterpretações de Amália passando pelos revivalismos de António Variações e acabando nas electroniquices de Madredeus. Valha-nos deus... Não há plataformas nem estruturas que suportem os novos criadores, não há bom gosto, não há profissionalismo, o jazz está no mesmo sítio e continuamos a ouvir standards todos os dias ou o extremo oposto nas composições de fusão dura. Os músicos a sério (refiro-me àqueles que estudaram ou estudam música) não arriscam e até aos 25 anos pensam que ainda têm de solidificar muitos conhecimentos. E têm razão, mas não há nada que os proíba de arriscarem, e de ouvirem e fazerem outras coisas senão o que estudam... Estamos num tempo de permissividade, de transdisciplinariedade, e é do lado da permissividade que eu falo. Também do lado do meu senso.
Em Portugal temos tudo o que eles têm na Alemanha ou na Áustria ou nos Estados Unidos... E ainda nos temos. Temos pessoas dedicadas, talentosas, meninos certinhos, génios habitantes do underground, droga, temos melhor futebol, o mesmo software, temos computadores, livros em muitas línguas, também carregamos o peso da mão de obra barata e dos empresários corruptos. Mas temos mais sol que dá outra luz às câmaras amadoras. Somos mais relaxados. Também possuimos casas e caixas de ovos. Temos esferovite e fita-cola de dupla face. Temos bons estúdios para os mais exigentes que se alugam aos mais providos. Perfumes, T-Shirts, calças de ganga rasgadas, spray vermelho para pintar cães, a Media-Factory, Espanha aqui ao lado, distribuidoras, putos rasos, velhos do restelo, técnicos especializados, iliteracia e dislexia, catálogos alemães com material barato, baterias eléctronicas e adufes, discotecas, danceterias, salas de espectáculos que servem de modelo à nossa vida social, teatro, cinema, escolas, a necessidade de banalizar tudo o que nos rodeia. Somos donos da pior auto-estima e preferimos sempre importar muito.
Meus amigos (no irónico sentido da palavra) Fodei-vos porque a partir de agora e até mais ver só toco no Porto por muito e/ou se me apetecer muito, com direito a bebidas e guest-list à minha medida (e ainda nem sequer tenho um álbum editado). Continuai nas Gigis, nos Suplys, no Passos Manuel, nos Maus Hábitos, no Contagiarte, no Bazaar, no 31, no Hard Club a ouvir DJs. Força na queixa da falta de hipóteses que eu não vos as apresentarei (e sei-as). Dai com energia na coca para chegarem a esta auto-estima natural do Fundão, dançai de felicidade. Entrai na boa onda e criticai entre risos descontraídos as tomadas de posição. Façam a festa com menos um músico português. Acordem e ponham sempre a tocar um disco importado e subscrevam as actuais políticas de gestão cultural.
Choro a humildade dos músicos a sério. Perdoem-me mas eu não vivo disto e posso dar-me ao luxo de me estar nas tintas.
Ouvir dizer às pessoas mais próximas da produção de música em Portugal que isto não vai a lado nenhum acontece-me dia-sim, dia-não. Antes concordava. Agora, ainda mantenho razões de queixa começando pelas "arriscadíssimas" reinterpretações de Amália passando pelos revivalismos de António Variações e acabando nas electroniquices de Madredeus. Valha-nos deus... Não há plataformas nem estruturas que suportem os novos criadores, não há bom gosto, não há profissionalismo, o jazz está no mesmo sítio e continuamos a ouvir standards todos os dias ou o extremo oposto nas composições de fusão dura. Os músicos a sério (refiro-me àqueles que estudaram ou estudam música) não arriscam e até aos 25 anos pensam que ainda têm de solidificar muitos conhecimentos. E têm razão, mas não há nada que os proíba de arriscarem, e de ouvirem e fazerem outras coisas senão o que estudam... Estamos num tempo de permissividade, de transdisciplinariedade, e é do lado da permissividade que eu falo. Também do lado do meu senso.