☹ Have a nice day!

No Porto há três tipos de club ravers.
Uns são aqueles que gostam de saber se realmente aquilo que estão a ouvir é fixe ou não. Para isso recorrem à técnica da ligeira flexão de pernas enquanto encolhem os ombros quando trocam olhares com alguém que não está a dançar intervalada com rotações de ombros quando olham para outro bailarino. Esta espécie também gosta de trocar risinhos estrategicamente colocados nas frases das tarolas, batidas no aro, timbalões e sinos de vaca da TR 909 com amigo mais próximo, e quando lhes perguntas onde está a piada falam-te do último grande tombo da Carla Bruni. Também gostam de after-hours porque aí têm a certeza de que ninguém se lembrará das "figuras tristes" que fizeram na noite anterior. São facilmente manipuláveis pelo humor fácil do D.J. e pela definição pela negativa. Iconoclastas por natureza, apoiam a capitalização da informação mas não têm dinheiro para comprar um C.D. ou mesmo uma garrafa de água num bar.
Existem aqueles que só dançam se tiverem ecstasy. Esses ao menos dançam. Dançam tudo o que lhes aparecer à frente se alguém lhes disser que este tema é muito fixe! Não sabem nada de música de dança e conservam no seu espírito a ideia que tudo aquilo é só techno, house, trance, ou drum n' bass e que não vale a pena ser pensado. Afinal é entretenimento! Frequentam escolas privadas, lêem muito mas não percebem nada daquilo que lá está escrito. Não dão atenção aos vídeos dos D.J.s porque são sempre fúteis. Gostam muito de Arte e de artistas.
Por último existem aqueles que gostam de dançar de olhos fechados para não se aperceberem dos outros dois tipos e ao mesmo tempo recordar os bons velhos tempos da adolescência. Embebedam-se no Clube para no dia a seguir terem de ir comer a casa de um amigo que foi mais inteligente e ficou em casa a desenhar.

Na sua génese, a Rave foi um tipo de festa que surgiu como alternativa ao Night-Clubin', dos finais de 80 realizada em espaços pouco convencionais. Foi quase imediatamente importada para o Reino Unido e para a Alemanha onde até hoje se mantém viva. Nos U.S.A. a lei foi-se alterando para controlar o consumo desenfreado de Ecstasy. Eu nunca lá fui mas sei por ter lido que, em Chicago (cidade natal do house) o consumo de drogas não era condição sem a qual não se faziam raves. Em Inglaterra sim. Hoje em dia nos E.U.A existem locais onde é proibido dançar, e, onde se pode abanar ritmicamente o corpo, se se provar que oprodutor da festa teve conhecimento da existência de "glowsticks", lanternas, água, carrinhas de apoio médico de emergência aos ravers (...) na sua festa vai preso e paga multa por ainda não percebi bem o quê.

O termo não tinha no início uma conotação negativa e apenas funcionava como sinónimo de festa. Em Portugal as raves são da má onda, frequentadas por tipos de rastas e roupas coloridas, ou por fulanos de boné, brinco de ténis brilhantes com molas. Às vezes acontecem em clubes como o Passos Manuel, em festivais de verão da Optimus, ou em festas pontuais das quais nunca nenhum repórter de música fala de modo esclarecido ou mesmo de qualquer modo. Os jornalistas preferem antes mapear a tour do Camané, do Gomo, dos X-Wife. Será medo de ficarem sem os telemóveis ou será que pensam que as raves não estão para ficar.

☺ Have a nice day.

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