"One more time next to the subwoofer."
HiTeCA | Segundo Dia.
Cheguei à sala de espectáculos ligeiramente atrasado e tropeçei pelos rasos degraus que se disfarçavam na escuridão. Entretanto as pupilas dilataram e consegui vislumbrar um lugar vazio na primeira fila. Sentado, descobri uma posição descontraída para me deixar levar pelo som de um velhote que estava no palco. Não o reconheci de imediato. Pelo som poderia ser o Fennez. Melodias carregadas de emoção acentuada por texturas de ruído. Quando reparei que estava a trabalhar com discos lembrei-me de um senhor chamado Philip Jeck que tinha visto uns meses antes numa outra sala de espectáculos no Porto. O ciclorama passou pelo laranja, vermelho e acabou amarelo. Foram as cores certas para o calor das frequências dos 8 polegadas. Acabou o concerto, não nos deixaram fumar um cigarro na pista, e, no "hall" de entrada descobrimos espaço para uma rodinha de opiniões sobre a primeira actução.
Seguiu-se Fennez. Cabelinho à Brian Adams e "T-shirt" elástica, não demasiadamente justa, à Brian Adams. Começou a tocar e logo surgiram, projectadas atrás do jovem, imagens de autoria de Jon Wozencroft (designer, professor, programador, editor, teórico, fotógrafo...). Do laptop, como dos pratos do artista anterior, saíram melodias carregadas de emoção acentuada por texturas de ruído. O som era bem mais frio, assumidamente digital. Pela negativa ficou, apenas e só, o exagero de amplitude que tinham as frequências mais altas produzidas pelo Mi agudo da guitarra que empenhou a meio. O pano de fundo de Wozencroft criou um cenário bucólico, por vezes abstracto. Água, areia, reflexos de casas e pessoas, faces, luzes em movimento (entre outros temas) genialmente imbricados pelo desfalecimento do anterior que desvelava o seguinte. Tão simples como "fade-out/fade-in". Inevitavelmente procurei compreender se havia troca directa de dados entre o som e a imagem. Sorri de euforia quando passados 3 minutos compreendi que tinha passado 3 minutos de um concerto a ver uma situação completamente distinta da situação "V.J."/Programador gráfico (como lhe queiram chamar). Todas as relações entre som e imagem que puderam ali ser criadas eram fruto da minha inevitável tendência para criar padrões e associar elementos.
Todos temos um pouco disso. Pudera, com 20 anos de "video-clips" até os semáforos cantam que nem motores.
Em suma Fennez e Wozencroft deram o melhor espectáculo de som e imagem que vi nos últimos anos. Nem o Alva Noto no Número foi tão elucidativo. Adiante.
Philip Jeck regressou ao palco com Fennez e tocaram juntos mais meia-hora. Foi uma trapalhada mas valeu pelo risco que estavam a correr. Apesar de partilharem o mesmo idioma sonoro, tocavam com meios diferentes, logo, com limitações inatas aos seus instrumentos que não lhes permitiam imediato intruzamento.
Fui tomar um café e voltei passado uma hora. Bati o pé e abanei a anca com a Inês Soda e com o Simão. Fui ao terraço. Desci para um copo com os amigos e esperei pacientemente por Akufen. Enquanto convidava o Luís para escrever aqui, o homem apareceu e durante uma hora e meia não se calou. Fez um "encore" porque transformou o exíguo canto que a organização tinha resevado para a festa, na coisa mais (próxima com o meu conceito de) festa que por lá passou nos dois dias em que lá estive. A meio da actuação disse ao Flávio (um dos técnicos de som que estava na mesa de mistura) que não lhe precisava de pedir para aumentar o volume, ao que ele que me respondeu: -Nem é preciso, o homem tem bom som! -E tinha.
No início, tive de me centrar na pista para poder pelo menos ouvir a munição do artista. Mas a pouco e pouco, nas alturas certas, o volume foi subindo sem que ninguém fosse à mesa levantar um único "knob". Desconfio que o Akufen fez o "check-sound" com o "master" do programa que utilizou a -6dbs para poder levantar o volume até aos 0dbs sem sujar o sinal até ao final do concerto.
Às cinco fui para o Op-Art -perdão- para o Swing e descobri que no Porto também se fazem "raves" à séria. Do melhor, do techno, ao acid, acabando no techno. "Sonic (the hedgehog), you can't catch what you can't see." A minha namorada é fã.
Cheguei à sala de espectáculos ligeiramente atrasado e tropeçei pelos rasos degraus que se disfarçavam na escuridão. Entretanto as pupilas dilataram e consegui vislumbrar um lugar vazio na primeira fila. Sentado, descobri uma posição descontraída para me deixar levar pelo som de um velhote que estava no palco. Não o reconheci de imediato. Pelo som poderia ser o Fennez. Melodias carregadas de emoção acentuada por texturas de ruído. Quando reparei que estava a trabalhar com discos lembrei-me de um senhor chamado Philip Jeck que tinha visto uns meses antes numa outra sala de espectáculos no Porto. O ciclorama passou pelo laranja, vermelho e acabou amarelo. Foram as cores certas para o calor das frequências dos 8 polegadas. Acabou o concerto, não nos deixaram fumar um cigarro na pista, e, no "hall" de entrada descobrimos espaço para uma rodinha de opiniões sobre a primeira actução.
Seguiu-se Fennez. Cabelinho à Brian Adams e "T-shirt" elástica, não demasiadamente justa, à Brian Adams. Começou a tocar e logo surgiram, projectadas atrás do jovem, imagens de autoria de Jon Wozencroft (designer, professor, programador, editor, teórico, fotógrafo...). Do laptop, como dos pratos do artista anterior, saíram melodias carregadas de emoção acentuada por texturas de ruído. O som era bem mais frio, assumidamente digital. Pela negativa ficou, apenas e só, o exagero de amplitude que tinham as frequências mais altas produzidas pelo Mi agudo da guitarra que empenhou a meio. O pano de fundo de Wozencroft criou um cenário bucólico, por vezes abstracto. Água, areia, reflexos de casas e pessoas, faces, luzes em movimento (entre outros temas) genialmente imbricados pelo desfalecimento do anterior que desvelava o seguinte. Tão simples como "fade-out/fade-in". Inevitavelmente procurei compreender se havia troca directa de dados entre o som e a imagem. Sorri de euforia quando passados 3 minutos compreendi que tinha passado 3 minutos de um concerto a ver uma situação completamente distinta da situação "V.J."/Programador gráfico (como lhe queiram chamar). Todas as relações entre som e imagem que puderam ali ser criadas eram fruto da minha inevitável tendência para criar padrões e associar elementos.
Todos temos um pouco disso. Pudera, com 20 anos de "video-clips" até os semáforos cantam que nem motores.
Em suma Fennez e Wozencroft deram o melhor espectáculo de som e imagem que vi nos últimos anos. Nem o Alva Noto no Número foi tão elucidativo. Adiante.
Philip Jeck regressou ao palco com Fennez e tocaram juntos mais meia-hora. Foi uma trapalhada mas valeu pelo risco que estavam a correr. Apesar de partilharem o mesmo idioma sonoro, tocavam com meios diferentes, logo, com limitações inatas aos seus instrumentos que não lhes permitiam imediato intruzamento.
Fui tomar um café e voltei passado uma hora. Bati o pé e abanei a anca com a Inês Soda e com o Simão. Fui ao terraço. Desci para um copo com os amigos e esperei pacientemente por Akufen. Enquanto convidava o Luís para escrever aqui, o homem apareceu e durante uma hora e meia não se calou. Fez um "encore" porque transformou o exíguo canto que a organização tinha resevado para a festa, na coisa mais (próxima com o meu conceito de) festa que por lá passou nos dois dias em que lá estive. A meio da actuação disse ao Flávio (um dos técnicos de som que estava na mesa de mistura) que não lhe precisava de pedir para aumentar o volume, ao que ele que me respondeu: -Nem é preciso, o homem tem bom som! -E tinha.
No início, tive de me centrar na pista para poder pelo menos ouvir a munição do artista. Mas a pouco e pouco, nas alturas certas, o volume foi subindo sem que ninguém fosse à mesa levantar um único "knob". Desconfio que o Akufen fez o "check-sound" com o "master" do programa que utilizou a -6dbs para poder levantar o volume até aos 0dbs sem sujar o sinal até ao final do concerto.
Às cinco fui para o Op-Art -perdão- para o Swing e descobri que no Porto também se fazem "raves" à séria. Do melhor, do techno, ao acid, acabando no techno. "Sonic (the hedgehog), you can't catch what you can't see." A minha namorada é fã.